TransforMAR retira 67 toneladas de lixo das praias portuguesas
Projeto levado a cabo pelo Lidl em parceria com o Electrão foi lançado em 2018. Além da recolha promove, igualmente, campanhas de sensibilização junto da população. E no próximo ano vai alargar a sua abrangência a (mais) praias fluviais.
Em apenas cinco anos o projeto TransforMAR -- promovido pelo Lidl Portugal em parceria com o Electrão, Brigada do Mar, Marinha Portuguesa e Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) e com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Quercus -- já recolheu das praias portuguesas mais de 180 toneladas de plástico. Só este ano foram recolhidas 67 toneladas.
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Mas, mais do que "apenas" recolher os plásticos existentes o programa tem, também, como objetivo o sensibilizar a população para a adoção de comportamentos mais sustentáveis em prol dos oceanos e para os princípios da economia circular -- através da redução, reutilização e reciclagem do plástico e metal recolhidos.
A melhor parte é que o plástico recolhido ganha uma nova vida, sendo transformado em aparelhos para a prática de atividade física, em mobiliário urbano ou em donativos monetários para Instituições Sociais. E, nesta última edição, transformado em t-shirts, fabricadas em Portugal. Um outro exemplo? Segundo Catarina Gonçalves, coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul, todas as bandeiras azuis, dos 50 países onde esta certificação existe, são feitas com PET.
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Este ano o projeto esteve presente em 20 praias -- de Norte a Sul do país -- durante julho e agosto. A par disto, e em parceria com a Brigada do Mar, foram realizadas 22 ações de limpeza na costa portuguesa, em zonas identificadas com elevado risco de contaminação.
Feitas as contas, e só este ano, o TransforMAR recolheu 67 toneladas de plástico das praias portuguesas. Plásticos que são passíveis de serem reciclados foram transformados em t-shirts, fabricadas em Portugal, 100% a partir de plástico reciclado. Quanto aos outros resíduos -- os não passíveis de ser reciclados, bem como redes de pesca perdidas no mar, cedidas pela Marinha foram, explica o Lidl, reaproveitadas. A artista plástica Soraia Domingos transformou esses resíduos em esculturas de grande dimensão. Estas têm o objetivo de alertar e consciencializar a população para a problemática da poluição das praias e oceanos.
Uma forma de dar uma nova vida a resíduos que, de outra forma, provavelmente acabariam em aterros. A circularidade do projeto foi reconhecida pelo secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, que afirmou que este projeto TransforMAR "visa contribuir para a mudança de ações e consciências sobre o que é um problema global, o lixo. De forma simples e divertida, quem frequenta as praias do continente português pôde perceber que o lixo, particularmente os resíduos de plástico e metal, deverão, por um lado, ter um destino correto, caso não possam ser mais utilizados ou transformados, ou poderão servir de matéria-prima para produção de outros produtos, como é o caso dos plásticos recolhidos ao abrigo deste projeto, contribuindo assim para uma economia circular. Termino, dando os parabéns ao Lidl pela iniciativa, e faço o apelo para que continuem a promover o projeto nas praias portuguesas e quem sabe, noutros locais".
Este ano o projeto foi ainda mais longe. Como explicou Elena Aldana, diretora de Assuntos Públicos, Comunicação e ESG do Lidl Portugal, na "5.ª edição, conseguimos alargar a abrangência do projeto através do protocolo com a Marinha, chegando mais longe na proteção dos oceanos". Isto porque o Lidl Portugal firmou um protocolo de colaboração com a Marinha Portuguesa, prevendo a realização de ações que visam a preservação dos ecossistemas marinhos e a proteção dos oceanos. Entre as várias ações está incluída a requalificação do laboratório de análises da qualidade da água e plâncton do Aquário Vasco da Gama e a recolha de redes de pesca em alto mar -- este material é regularmente deixado na água e, anualmente em Portugal, a Marinha e as Autoridades Marítimas removem cerca de 6 toneladas de redes de pesca do oceano.
A estas o comandante Nuno Leitão diretor do Aquário Vasco da Gama, chamou-as de redes assassinas. Porque não só matam tudo o que está no fundo do mar como potenciam a existência de acidentes marítimos. O que faz com que a sua recolha e reaproveitamento sejam tão importantes.
"Já existe bastante consciencialização. Agora falta é agir", afirmou Simão Acciaioli, presidente da Brigada do Mar, que acrescentou que "temos de evoluir e acreditar que vamos acabar com os aterros". Já Rui Cunha, vogal da direção na Quercus, frisou a importância de atuar junto das escolas. A par de sensibilizar os agentes económicos.
Mas um dos maiores problemas dos plásticos prende-se com a inadequação de negócios como o canal Horeca -- a par da mentalidade das pessoas -- que ainda não levam as suas próprias embalagens quando recorrem ao take away.