Trabalhadores da Alsa Todi fazem plenário na quarta-feira para debater condições de trabalho

Em causa "sobrecarga de trabalho, suspensão das férias e ameaças veladas por parte da administração da empresa".
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Os trabalhadores da Alsa Todi reúnem em plenário com os sindicatos do setor na próxima quarta-feira face à alegada "sobrecarga de trabalho, suspensão das férias e ameaças veladas por parte da administração da empresa", revelou esta sexta-feira fonte sindical.

"Há uma situação de mal estar por parte dos trabalhadores, tendo em linha de conta a grande falta de motoristas e a distribuição de um grande volume de trabalho pelos motoristas que lá estão", disse à agência Lusa Fernando Fidalgo, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).

Segundo Fernando Fidalgo, os trabalhadores alegam também que são constantemente pressionados para fazerem trabalho suplementar e que "aqueles que não querem fazer trabalho suplementar são ameaçados, de forma velada", pelos responsáveis do setor operacional da empresa.

De acordo com o sindicalista, além das "chapas de serviço (percursos e carreiras atribuídas a cada motorista) com 12, 13 e até 14 horas de trabalho, muito acima dos limites permitidos pela Lei Geral do Trabalho", a Alsa Todi também decidiu "suspender as férias de todos os trabalhadores a partir de 01 de outubro, através de uma circular interna, sem qualquer diálogo prévio com os trabalhadores".

Referindo-se ao anúncio feito esta sexta-feira pela empresa, da contratação de mais 74 motoristas, 61 dos quais oriundos de Cabo Verde, Fernando Fidalgo lembrou que não podem entrar imediatamente ao serviço porque vão necessitar de um período de formação, pelo que os problemas na Alsa Todi se vão prolongar por mais algum tempo.

"Lamentamos que esta empresa, e muitas outras empresas de transporte de passageiros, tenham que recorrer ao mercado internacional porque não pagam bem aos trabalhadores. Porque, se os salários médios em Portugal fossem atrativos, nós não estaríamos com falta de interesse da juventude pela profissão de motorista", disse o sindicalista.

"O investimento na formação de motoristas não é só a carta de condução, é também o certificado de habilitação profissional. É um conjunto de situações que determinam um volume de investimento enorme para um salário médio muito baixo, muito próximo do salário mínimo nacional, que não compensa minimamente", acrescentou Fernando Fidalgo, reiterando a ideia de que a profissão de motorista deixou de ser atrativa para a juventude portuguesa.

O plenário de trabalhadores da Alsa Todi está marcado para as 10:30 de quarta-feira, nas instalações da Varzinha, em Setúbal, e deverá terminar cerca das 11:30, mas o reinício da atividade só deverá ter lugar às 12:30.

No plenário está prevista a participação de representantes de três sindicatos - Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), Sindicato Nacional de Motoristas e Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP).

A agência Lusa tentou ouvir a Alsa Todi, mas não foi possível em tempo oportuno.

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