"Tijolos" da vida no cometa Lovejoy

Duas moléculas essenciais para o aparecimento de vida foram pela primeira vez encontradas num cometa
Publicado a
Atualizado a

Duas novas moléculas orgânicas, de álcool etílico e de um açúcar simples, consideradas "tijolos" da vida, foram detetadas pela primeira vez num cometa, o Lovejoy, revelam investigadores franceses, num estudo publicado hoje na revista Science Advances. A descoberta foi avançada por investigadores franceses, num estudo publicado hoje na revista Science Advances.

Outras moléculas orgânicas já tinham sido observadas noutros cometas, nomeadamente no "Tchouri", que é acompanhado pela sonda europeia Rosetta.

Os cometas, formados por poeira e gelo, conservaram importantes informações sobre a composição e as condições físicas e químicas que existiam na nebulosa de onde emergiram os planetas do Sistema Solar, há mais de quatro mil milhões de anos.

Segundo os cientistas, os cometas terão provavelmente contribuído para o transporte de água e outros compostos essenciais à vida na Terra durante as primeiras centenas de milhões de anos da sua existência.

"A presença de uma complexidade orgânica importante num cometa é um passo essencial para a melhor compreensão das condições que prevaleciam no momento do aparecimento da vida na Terra", disse, citada pela agência AFP, a astrofísica Dominique Bockelée-Morvan, do Observatório de Paris, e coautora do estudo.

Além do álcool etílico e do glicolaldeído, o mais simples dos açúcares, foram identificadas outras 19 moléculas orgânicas no cometa Lovejoy, como o etilenoglicol, um anticongelante.

Muitas destas 19 moléculas já tinham sido descobertas noutros cometas, várias delas no "Tchouri".

Em julho, a equipa científica da missão Rosetta anunciou ter detetado, pela primeira vez, num cometa quatro moléculas orgânicas, incluindo metilo e acetona, precursores de moléculas importantes para a vida, como os açúcares e os ácidos aminados.

Nos vapores de água que se libertaram do cometa Lavejoy, quando se aproximou mais do Sol, o álcool etílico e o glicolaldeído estão presentes, em relação à água, em proporções de 0,12% e 0,02%, respetivamente.

"A quantidade de álcool que escapava, a cada segundo, do gelo do Lovejoy, quando o cometa estava mais perto do Sol, correspondia à contida em 500 garrafas de vinho", assinalou o principal autor do estudo, Nicolas Biver, do Centro Nacional de Investigação Científica francês.

Quando os cometas se aproximam do Sol, o gelo na sua superfície vaporiza-se, libertando uma camada de gases rica em moléculas diversas, que podem ser analisadas à distância por instrumentos de observatórios terrestres.

No caso do Lovejoy, os astrofísicos usaram o radiotelescópio do Instituto de Radioastronomia Milimétrica, localizado na Serra Nevada, em Espanha.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt