Supercomputador usado em pesquisas sobre zika parado por falta de verbas
O supercomputador Santos Dumont, o maior da América Latina e instalado nos arredores do Rio de Janeiro, e que tem sido usado para investigações sobre o vírus Zika, foi desligado por falta de dinheiro para a conta da eletricidade.
"No mês de maio, vimos que não havia a possibilidade de manter o computador ligado e tomámos a decisão de desligá-lo, diante da imprevisibilidade de chegada dos recursos para a energia elétrica", disse hoje à rádio brasileira CBN o diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Augusto Gadelha.
As despesas com energia chegam a 500 mil reais (131 mil euros) por mês, o que equivale a 80% dos recursos do laboratório, o que torna inviável o funcionamento integral da máquina.
O supercomputador, que foi inaugurado em janeiro e que custou 60 milhões de reais (15,7 milhões de euros), ocupa 380 metros quadrados, mas consome energia suficiente para abastecer um bairro com três mil famílias.
Para além de atrasar investigações, o desligamento da máquina pode causar danos no próprio equipamento.
Para evitar que tal aconteça, o laboratório tem ligado o supercomputador por algumas horas, fora do horário de pico, para evitar danos na estrutura.
Segundo Augusto Gadelha, seis pesquisas estão atrasadas e outras 75 estão a aguardar para serem iniciadas.
O supercomputador, que está no LNCC, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é até um milhão de vezes mais rápido do que um computador portátil comum.
O chefe do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho, Antônio Tadeu, disse à CBN que "a paralisação dessa máquina traz prejuízos incalculáveis para a comunidade científica".
Em causa estão "projetos voltados para doenças como o Zika e a Dengue, para modelagem do sistema vascular (que é importante para profissionais de cardiologia) e projetos na área de energia, petróleo e gás", ou seja, "projetos que teriam impactos positivos sociais e económicos", alertou.
O aparelho precisou, por exemplo, de apenas três dias para identificar cadeias de proteínas que podem ser usadas em tratamentos contra a Doença de Alzheimer, depois de investigações semelhantes em laboratórios comuns não terem conseguido alcançar esse resultado.
O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações informou que está à procura de recursos financeiros junto do Ministério do Planeamento para resolver a situação.