Sonda Cassini iniciou manobra para o mergulho final em Saturno

Nave da NASA tornar-se-á a primeira a entrar na atmosfera do planeta dos anéis
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A sonda Cassini, da NASA, que está há 12 anos na órbita de Saturno, iniciou esta semana a manobra final, que a vai levar através dos famosos anéis, em órbitas sucessivamente mais baixas, numa lenta viagem em direção ao planeta, para um último mergulho na atmosfera do planeta.

A 15, de setembro, dia em que os controladores em terra esperam ouvir pela última vez os sinais da Cassini, a sonda há de mergulhar na densa e enigmática atmosfera saturniana, lançando-se no seu próprio fim. Mas nesse mergulho final os cientistas esperam ainda obter novos dados sobre o planeta.

Durante essas derradeiras órbitas, sucessivamente a 1710, a 1630 e a 1010 quilómetros de altitude, acima das densas nuvens que envolvem o planeta dos anéis, a sonda deverá registar e enviar para a Terra várias séries de dados sobre a temperatura, as auroras boreais e os vórtices polares, sobre os quais os cientistas esperam ganhar novos conhecimentos.

O radar da sonda, que tem a capacidade de penetrar através da atmosfera e de discriminar padrões da ordem dos 25 quilómetros, o que é cem vezes mais nítido do que fez até agora a partir de órbitas muito altas, também poderá ter muitas novidades para contar.

No mergulho final, a sonda terá ainda tempo para fazer um voo rasante a Titã, a maior lua de Saturno, no dia 11 de setembro. Para lá das observações que possa fazer ainda durante esse close up, a manobra servirá sobretudo para desacelerar a sonda na aproximação final ao abismo, permitindo um registo de dados mais longo e mais sólido.

Durante as últimas cinco voltas, que vão aproximar cada vez mais a nave do seu objetivo, e também no mergulho final, "a Cassini tornar-se-á a primeira sonda atmosférica em Saturno", sublinhou Linda Spilker, cientista do projeto Cassini, citada num comunicado do centro da NASA Jet Propulsion Laboratory. "Enviar uma sonda para a atmosfera de Saturno era há muito um dos objetivos centrais na exploração planetária, e [com esta manobra] estamos a lançar as fundações para que isso possa acontecer no futuro", afirmou a cientista.

Até lá, a sonda que nestes 12 anos revelou uma série de novidades sobre Saturno, os seus anéis e as suas Luas, vai continuar a fazer observações e a enviar para a Terra novos dados do planeta.

Lançada em 2004, a sonda chegou à órbita do planeta em 2005. Foram as suas observações que revelaram a natureza dos seus famosos anéis, um sistema complexo, no interior do qual se trava uma corrida entre enormes blocos de gelos e pequenas poeiras, que colidem entre si formando constantemente novas partículas. Foi ela também que mostrou que Encélado, uma das luas de Saturno, tem condições para albergar vida microbiana. Falta ver o que ela pode revelar ainda, nestas últimas semanas que lhe restam de missão.

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