Na estrada nacional 101, em Guimarães, onde foram introduzidos radares, houve uma grande redução no excesso de velocidade.
Na estrada nacional 101, em Guimarães, onde foram introduzidos radares, houve uma grande redução no excesso de velocidade.Gonçalo Delgado/Global Imagens

Sistema de radares vai ser reforçado. Até maio já houve mais de 216 mil multas

Evitar os acidentes com feridos graves e mortos é o grande objetivo do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (SINCRO). As infrações baixaram mas há uma média de cerca de 43 mil multas por mês, só este ano.
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Corria o dia 6 de julho de 2016 quando foi instalado o primeiro radar do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (SINCRO), na autoestrada A5, ao quilómetro 7+750, no concelho de Oeiras.

Desde então, foram sendo instalados, progressivamente, 61 radares de controlo de velocidade. E “no dia 1 de setembro de 2023, o SINCRO iniciou a duplicação da sua capacidade de 61 para 123 locais de controlo de velocidade, com mais 62 locais”, informa, ao DN, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, ANSR. 

Em setembro do ano passado entrou também em vigor uma novidade: os radares de controlo de velocidade média, entre dois pontos de um determinado troço de estrada. “Nessa data entraram em funcionamento 37 novos locais de controlo de velocidade, 12 deles com o controlo de velocidade média”.

Agora, o SINCRO vai ser alargado com a entrada em funcionamento de mais 25 radares no dia 6 de julho. 11 são de velocidade média, elevando para 23 o total de equipamentos com esta tecnologia nas estradas nacionais.

Estes foram “colocados em locais em que a sinistralidade se verifica ao longo de troços com alguma extensão e não apenas de pontos, pelo que a recomendação é a utilização de equipamentos de controlo da velocidade média em vez dos tradicionais equipamentos de velocidade instantânea”.

De todos os radares, “70% estão instalados fora das autoestradas, estando na sua maioria em estradas nacionais, itinerários principais e complementares que concentram 47% das vítimas mortais”, acrescenta a ANSR.

A fiscalização aumentou e isso é evidente nos números oficiais. Comparando os dados antes e após a implementação do SINCRO, em 2018 foram fiscalizados 74 573 218 de veículos, número que aumentou para 92 402 878 em 2024, até ao final de maio. Em 2018 foram registadas 406 475 infrações enquanto que este ano, em apenas cinco meses, já são 216 656, o que dá uma média mensal superior a 43 mil.

A ANSR tem mantido uma política de transparência em relação à localização dos radares de controlo de velocidade, publicitando a sua localização através da campanha Os Radares Salvam Vidas, no site www.radaresavista.pt, através de sinalização nas estradas e ainda através de uma parceria com a aplicação Waze “garantindo o conhecimento público da localização de todos os radares SINCRO e maximizando a capacidade dos radares para salvar vidas”.

Ainda segundo esta entidade, a presença de radares permite “a adoção de comportamentos adequados ao volante”. “Ou seja, a ANSR pretende que todos os que circulam nas estradas portuguesas conheçam previamente os locais (no caso dos de velocidade média, que conheçam o início e o fim do troço) para que em todas as situações cumpram com os limites de velocidade, protegendo não só a sua vida, mas também a da sua família e a dos outros”, explica ao DN. E reforça: “Estes são radares salva-vidas. Queremos contar as vidas salvas e não as infrações cometidas”. 

Os locais onde são colocados os radares têm critérios. “Obedeceu à análise dos locais de maior concentração de acidentes e à análise das causas dos acidentes, nomeadamente onde a velocidade excessiva se revelou fortemente para essa sinistralidade”, explica a ANSR. “Ou seja, os radares foram instalados nos locais com concentração de acidentes mortais e onde a velocidade mata”.

Há resultados mensuráveis da utilização dos radares. “Quando comparado com igual período anterior à data de funcionamento deste sistema, registaram-se menos 36% de acidentes com vítimas, menos 74% de vítimas mortais, menos 44% de feridos graves e menos 36% de feridos leves”.

A partir de 6 de julho haverá  mais radares espalhados pelo país. “Com estes 62 locais de controlo de velocidade colocados nas zonas de concentração de acidentes mortais e onde a velocidade excessiva se revelou uma das causas para essa sinistralidade, a ANSR reforça o combate à sinistralidade”.

A ANSR dá ainda conta de que nestes 62 locais “nos últimos cinco anos perderam a vida 115 pessoas, uma média de 23 vítimas mortais por ano”. Com o reforço feito de 37 radares, em setembro de 2023 “embora haja a lamentar três vítimas mortais, verifica-se uma redução significativa face à média dos últimos cinco anos”.

A duplicação de radares tem em vista o programa Visão Zero 2030. “Esta visão parte do princípio fundamental de que em contexto de segurança rodoviária, zero é o único número de mortes aceitável, promovendo um sistema onde fatalidades e feridos graves são eventos evitáveis”. O grande objetivo é “atingir as metas de redução de 50% nos números de mortos e feridos graves até 2030”, conclui a ANSR, ao DN.

"Campeões" de menor velocidade

Segundo a ANSR “nos locais onde foram instalados os novos radares verificou-se, face à medições efetuadas antes da sua instalação, uma redução média muito expressiva no número de veículos em excesso de velocidade, cerca de 90%”.

Há mesmo “radares campeões de redução de velocidade”. São cinco e estão espalhados de norte a sul do país e devidamente identificados pela ANSR. “Na EN101, em Guimarães, na EN206, em Fafe, no IC2, em Coimbra, no IP7 (Eixo Norte-Sul) em Lisboa, e ainda no IC17 (CRIL), em Odivelas".

De futuro “poderá ser ponderada a instalação de novos radares, até porque Portugal tem um número de radares por milhão de habitantes muito inferior aos países com melhor desempenho em segurança rodoviária”.

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