Sindicato dos médicos pede intervenção urgente do ministério em "situação gravíssima"

No final de novembro, chefes e subchefes de equipas do serviço de urgência apresentaram a sua demissão. A falta de condições de trabalho foi apresentada como o principal motivo. Os médicos já reuniram com o Conselho de Administração, mas até agora nada foi apresentado como solução. O Sindicato dos Médicos da Zonal Sul acusa o hospital de estar a intimidar os médicos e de insistir em manter os doentes internados nas urgências.
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É um dos grandes hospitais da Grande Lisboa que mais constrangimentos tem tido no Serviço de Urgência (SU) nas últimas semanas. Uma situação que levou, no dia 29 de novembro, todos os chefes e subchefes de equipa deste serviço a apresentarem a demissão. Em comunicado enviado às Redações, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) critica o Hospital Fernando da Fonseca (HFF), na Amadora, dizendo que, o Conselho de Administração (CA), continua sem apresentar soluções para o problema, que considera ser "uma situação gravíssima que impõe uma imediata intervenção do Ministério da Saúde".

O sindicato explica que a equipa médica de urgência do HFF, também conhecido como Hospital Amadora-Sintra, "presta cuidados a mais de 500 doentes que recorrem ao serviço de urgência diariamente", mas também aos doentes que permanecem no serviço a aguardar uma cama nas chamadas «Unidades de Internamento de Curta Duração» (87 camas), às quais acrescem macas «no corredor». Ou seja, e no total, estas equipas prestam cuidados a mais de 600 doentes diariamente, já que aos 500 que dão entrada no serviço acrescem mais 100 que "permanecem 'internados' no SU durante vários dias".

Na mesma nota, o SMZS destaca que "as propostas apresentadas até agora pela administração aos chefes e subchefes de equipa demissionários não vão no sentido de resolver a sobrecarga do serviço de urgência e das equipas de profissionais". Pelo contrário, referem, "o Conselho de Administração insiste em manter esta gestão do SU, que é contrária às boas práticas médicas e que não garante a mínima segurança, qualidade e dignidade dos cuidados de saúde".

A falta de condições mínimas para a prestação de cuidados aos utentes, "de acordo com a leges artis", tem feito com que os médicos do serviço de urgência venham a apresentar declarações de escusa de responsabilidade frequentemente". O DN sabe que os chefes e subchefes de equipa demissionários já reuniram com a administração, não tendo esta, segundo nos foi dito, mostrado abertura para se reverter a situação e encontrarem-se soluções conjuntas.

O sindicato, no comunicado, refere mesmo que, em vez de "apresentar medidas para solucionar esta falta de condições, a Direção Clínica do HFF responde, numa atitude intimidatória, exigindo aos médicos o cumprimento das responsabilidades profissionais, apesar de não estarem reunidas as condições necessárias".

Recorde-se que que o diretor do SU, que se demitiu em desacordo com o CA pela forma de gestão do SU, foi substituído interinamente por um adjunto da direção clínica. Os chefes e subchefes das equipas de urgência mantêm-se demissionários e exigem a melhoria das condições de atendimento aos utentes.

O SMZS informa ainda que já solicitou uma reunião com o conselho de administração do HFF para discutir os problemas da urgência, que afetam utentes e profissionais, estando a aguardar resposta, referindo que "o SMZS solidariza-se com os chefes e subchefes e com todos os colegas que prestam trabalho no SU do HFF. O SMZS exige ao CA do HFF a resolução imediata da falta de condições no SU para profissionais e para utentes, bem como a intervenção urgente do Ministério da Saúde".

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