Andanças. Se a culpa for de um curto-circuito, será só um seguro a pagar tudo

Causa do incêndio ainda está por apurar, mas tudo indica que origem foi num carro. Parque está incluído no seguro do festival
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Tudo aponta para que tenha sido um curto-circuito num carro a dar início ao incêndio que na quarta--feira destruiu 422 viaturas no parque de estacionamento do festival Andanças, em Castelo de Vide. Oficialmente, as investigações ainda não estão concluídas, mas as primeiras pistas apontam para que apenas um carro esteja na origem, segundo apurou o DN. A confirmar-se esta causa, pode ser a seguradora desse veículo a responsável por indemnizar todos os proprietários cujos carros ficaram destruídos.

Enquanto a investigação não for dada por terminada, a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) aconselha todos os lesados que têm seguro com cobertura de incêndio para reclamarem desde já a indemnização junto da sua seguradora. O mesmo é aconselhado a quem tinha seguros das mercadorias que ficaram destruídas. Este passo não invalida que depois de apuradas as causas as seguradoras não reclamem aos responsáveis os valores pagos aos seus clientes.

Entretanto, a própria organização também pode vir a ser chamada a cobrir alguns danos. O parque de estacionamento faz parte do recinto licenciado, confirmou Catarina Serrazina, da organização do Andanças. "Neste momento a seguradora ainda não pôde vir ao recinto fazer peritagens porque as autoridades ainda estão a fazer a investigação. Só depois disso vamos saber se temos ou não de pagar alguma coisa", explicou. Porém, a CA Seguros, pertencente à Caixa Agrícola, que tem a apólice do festival, admitiu ao Expresso que o valor do seguro "pode ou não ser suficiente para cobrir os danos". À Lusa assegurou que vai cumprir com as suas responsabilidades: "Da nossa parte, sabemos que está a ser tudo articulado e de certeza que vamos cumprir com as nossas responsabilidades", afirmou fonte do gabinete de comunicação da CA Seguros.

Segundo explicou ao DN o advogado Miguel Matias, "se se chegar à conclusão de que o incêndio teve origem num problema mecânico de um só carro, a seguradora desse carro é que será chamada a cobrir os danos. Já que o seguro obrigatório por lei é o que cobre danos provocados a terceiros e quem destrói os outros carros é que vai ser chamado a pagar". No entanto, o especialista em direito civil antecipa que este caso "vai ser uma situação jurídica complexa, porque vai ser preciso apurar porque aconteceu o incêndio, se há responsabilidades da organização, dos donos dos carros. Vai-se arrastar do ponto de vista das seguradoras".

No caso dos condutores que agora reclamem o seu próprio seguro contra incêndio, isso não vai significar um assumir de culpas pelas seguradoras. "Elas assumem o pagamento e depois reclamam às seguradoras responsáveis os pagamentos", explica o advogado, alertando que os proprietários "vão ter uma surpresa desagradável quando virem que o que lhes vai ser pago é o valor de mercado atual do carro". Uma forma de conseguirem rentabilizar a indemnização é "passar o carro para a seguradora e ser ela a responsável pelo seu abate".

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