São belas, raras e estranhas as espécies descobertas em 2017
Há caranguejos e escorpiões, um novo orangotango já ameaçado de extinção, flores e rãs transparentes. Vida rica
Escorpiões, sapos, flores delicadas e até um primata estão entre as dezenas de novas espécies que os biólogos descobriram ao longo do ano que amanhã chega ao fim. Nos confins da Amazónia ou no coração das florestas tropicais do Bornéu, da Malásia e da Birmânia, nas águas costeiras da Austrália, ou nos fundos marinhos ao largo de Taiwan, o catálogo da biodiversidade ficou mais rico em 2017. A má notícia é que algumas destas espécies, que ainda agora "nasceram" para a ciência, já estão ameaçadas de extinção.
É o caso, justamente, da nova espécie de primata, um orangotango (Pongo tapanuliensis)que vive num pequeno território da ilha indonésia de Sumatra e que mal foi descoberto já é considerado o orangotango mais ameaçado do mundo.
Observações no terreno e testes genéticos confirmaram a identidade única deste orangotango, quando comparado com os seus primos daquela e de outras regiões do mundo. No entanto, a perda rápida do seu habitat, devido ao abate de árvores, à construção de uma barragem no território que ocupa e à caça furtiva são uma grave ameaça à espécie. As contagens dos biólogos apontam para que haverá apenas cerca de 800 exemplares deste orangotango.
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No reino vegetal, é a beleza de uma lavoisiera, uma planta da rica flora do Brasil, que salta à vista na nova espécie avistada na região de Minas, que os biólogos da Academia de Ciências da Califórnia, que fizeram a descoberta, batizaram como a Lavoisiera canastrensis .
Da floresta tropical da Malásia chegou a novidade de um novo escorpião (foto 3), mas não só. Numa expedição de duas semanas protagonizada por biólogos, mais uma vez da Academia de Ciências da Califórnia, e da organização The Habitat Penang Hill, da Malásia, foram ainda identificadas novas espécies de fauna, entre moscas, libelinhas e outras, e também da flora.
Dos confins da Amazónia equatoriana chegou a novidade de uma nova pequena de rã que tem a estranha particularidade de ter a pele transparente... como água. Por causa disso, os cientistas que o identificaram chamaram-lhe Hyalinobatrachium yaku - yaku significa justamente "água" na língua indígena local, o kichwa.
Além da sua transparência (através da fina pele da barriga vê-se o coração pulsante do animal), esta espécie tem outras particularidades pouco vulgares, quando comparada com outros seus parentes, como o facto de os machos serem frequentemente observados a proteger os ovos.
Outro animal que fez furor este ano foi uma aranha marinha, um bicho raro, que vive junto à Grande Barreira de Coral, na costa nordeste australiana, na zona entremarés, e que por isso mesmo só muito raramente se deixa ver.
A aranha foi batizada pelos biólogos como Desis bobmarleyi, no que é uma homenagem ao rei reggae, Bob Marley. Por dois motivos: como explicou a equipa que descreveu a nova espécie, foi ao som de canções do famoso cantor jamaicano que a equipa fez o seu trabalho de campo; por outro lado, há aquela sua canção "High Tide or Low Tide", que segundo os biólogos "promove o amor e a amizade em todas as lutas difíceis da vida" e que, no fim de contas, assenta que nem uma luva à condição desta aranha que, literalmente, vive entre marés.
Outra estrela da biodiversidade de 2017 é um novo caranguejo chamado Pariphiculus stellatus, espécie que foi descoberta no fundo marinho ao largo de Taiwan e que, depois disso, também já foi encontrada junto às Filipinas. O caranguejo é duplamente uma estrela. Além de enriquecer a biodiversidade marinha conhecida, tem o corpo coberto de curiosas protuberâncias com o formato de estrelas - daí o nome, stellatus, que se refere a estrela.