Rui Valério, Patriarca de Lisboa, no jantar com pessoas sem abrigo no Martim Moniz, no sábado, 24 de maio.
Rui Valério, Patriarca de Lisboa, no jantar com pessoas sem abrigo no Martim Moniz, no sábado, 24 de maio.Foto: Patriarcado de Lisboa

Rui Valério: “O faminto, o nu, o estrangeiro podem contar comigo”

Ao DN, o Patriarca de Lisboa lembra que a diferença oferece “riqueza cultural e espiritual”. No sábado, convidou pessoas em situação de sem abrigo para um jantar. A mesa foi posta no Martim Moniz.
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“Sempre que duas pessoas se encontram, há um enriquecimento. Esse encontro oferece riqueza cultural e espiritual. Vivido por um irmão brasileiro, o cristianismo - o mesmo Cristo, o mesmo Deus -, ganha um sentido de alegria e de festa. Um irmão da América Latina traz a aventura especifica no compromisso social. Um cristão da Índia aporta um sentido profundo na contemplação. Um cristão português oferece Nossa Senhora. E isto é maravilhoso”, diz ao DN Rui Valério, recordando a interpelação recente de Robert Prevost, ainda Prefeito do Dicastério para o Bispos, aos eclesiásticos portugueses - “que está a vossa Igreja a fazer pelos migrantes", preocupação central do agora papa Leão XIV. 

“A realidade tem sido enriquecida com este multiculturalismo. Temos paróquias em que a maioria dos praticantes não são de origem portuguesa", refere o patriarca de Lisboa. Como responde a igreja portuguesa, em relação aos migrantes? Rui Valério Não hesita. “Com Mateus, 25: ao faminto, comida; ao que não tinha que vestir, roupa; ao estrangeiro, acolhimento”.  

Rui Valério, Patriarca de Lisboa.
Rui Valério, Patriarca de Lisboa.Foto: Patriarcado de Lisboa

De resto, foi esta a “Palavra” transmitida pelo patriarca de Lisboa no convívio de Páscoa para as pessoas em situação de sem-abrigo, que decorreu na Praça do Martim Moniz ao final da tarde de sábado, dia 24 de maio, e reuniu diversos convidados. “Somos iguais quando fazemos o bem ao outro”, garantiu Rui Valério. “A Palavra fala-nos de quem está pobre, de quem não tem que comer, de quem está sozinho, de quem está doente, de quem é estrangeiro. No entanto, todas estas pessoas diferentes receberam algo importante: o que precisavam. O faminto, comida; o que não tinha que vestir, roupa; o estrangeiro, foi acolhido. Este nosso jantar serve para dizer isto: somos todos diferentes, mas como podemos estar juntos e ser iguais? Quando começo a fazer o bem ao outro. Isto é uma responsabilidade e missão de todos. Portanto, todos nós podemos trabalhar para sermos um só, para sermos iguais, para estarmos unidos. Todos diferentes, todos iguais”, disse o patriarca.  

Olhar um a um no ano jubilar da Esperança 

No lado sul da Praça do Martim Moniz, foram muitos os que apareceram para o convívio pascal, promovido pela Comunidade Vida e Paz, em conjunto com o GMASA (Grupo do Milharado de Apoio aos Sem Abrigo) e com o Grupo de Apoio aos Sem Abrigo da antiga paróquia de Rui Valério (Póvoa de Santo Adrião), com início pelas 19h00. Mesa a mesa, o Patriarca foi perguntando, um a um, nome, origem, dedicando a cada pessoa uma especial atenção. 

“Foi muito belo”, refere ao DN Rui Valério, o encontro com os sem abrigo da cidade, muitos deles migrantes.  

“Portugueses, marroquinos, guineenses, ganeses, uma família paquistanesa”, conta o patriarca ao DN, salientando três momentos: “primeiro, o acolhimento, traduzido em momentos de desabafo. Depois, a celebração da Palavra com a leitura de Mateus 25, mostrando que na diferença de cada um se constrói a unidade. O terceiro momento foi um jantar, servido à mesa. E foi à volta da mesa que encontrámos o que nos une”, referiu ao DN.   

Por fim, Lisboa. “Lembrei a beleza da cidade. Mais bela ainda se nós, aos outros, fizermos por o outro ser igual, dando-lhe o que precisa”. Nesse sentido, lançou um repto, deu uma certeza: “Disse que conto com eles e que eles podem contar comigo”. Por fim, o convite. “Uma visita à Igreja de Nossa Senhora da Saúde, situada na praça. Essa capela tem uma Senhora que é Mãe”. 

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