Rede de pornografia infantil utilizava WhatsApp para partilha

Polícia espanhola acredita ter desmantelado a maior rede mundial de pornografia infantil, numa operação que decorreu em 18 países. Há um português envolvido
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A polícia espanhola desmantelou uma rede de distribuição de pornografia infantil através da aplicação WhatsApp. A investigação foi alargada a 18 países da Europa, América Central e do Sul. Em Portugal, um homem foi constituído arguido pela Polícia Judiciária, que participou na operação europeia, por suspeitas de receber e partilhar imagens.

Esta foi a primeira ação internacional conjunta contra a pornografia infantil na União Europeia coordenada através do Grupo de Ação contra o Cibercrime que tem sede em Haia, na Holanda, e que ontem foi revelada pela polícia espanhola.

Em comunicado, a Europol, entidade europeia que coordenou a operação, referiu que, na Operação Tantalio, foram detidas 38 pessoas por suspeitas de distribuírem material de exploração sexual infantil através da darknet e da rede WhatsApp. As detenções ocorreram em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Peru. O aparecimento desta rede social acaba por ser uma novidade no submundo da partilha de pornografia infantil, já que até agora as partilhas eram normalmente feitas na darknet e através de software que permitia distribuir esses conteúdos.

A Polícia Nacional espanho-la acredita ter "desmantelado a maior rede internacional de distribuição de imagens com abusos sexuais a menores", segundo contou uma fonte daquela polícia ao jornal El País, classificando como "pioneira" a investigação, já que envolveu a coordenação do Grupo de Ação contra o Cibercrime da União Europeia.

Em declarações ao mesmo jornal, Rafael Pérez, chefe da brigada de investigação tecnológica da Polícia Nacional, declarou ter-se deparado com o "mais degradante" que já viu nas mais de 360 mil fotografias e vídeos apreendidos no processo, uma vez que os mesmos mostram imagens de abusos sexuais a menores entre os 2 meses e os 8 anos de idade.

O material apreendido está agora a ser analisado pelos investigadores, na tentativa de identificar as crianças que são vítimas destes crimes e resgatá-las de tal situação.

Já no início deste mês, soube-se que a Europa ultrapassou a América do Norte como tendo a maior rede mundial de sites que contêm imagens de abuso sexual infantil, segundo um estudo publicado por um grupo britânico de vigilância da internet.

A Europa, incluindo a Rússia e a Turquia, somam 60% dessas plataformas, um aumento de 19 pontos percentuais em relação a 2015, de acordo com o relatório anual da Internet Watch Foundation (IWF), com sede no Reino Unido. A América do Norte hospedou em 2016 cerca de 37% dos sites de pornografia infantil do mundo, contra 57% em 2015.

O estudo encontrou o número mais elevado - 20 972 ou 37% do total - na Holanda, seguida pelos Estados Unidos com 12 492 (22%), o Canadá com 8803 (15%), a França com 6099 (11%) e a Rússia com 4176 (sete por cento). "O cenário global não é bom", disse, num comunicado, a diretora executiva da IWF, Susie Hargreaves.

"As empresas de internet e as grandes companhias não estão a fazer nada, ou muito pouco, para lidar com imagens de abuso sexual infantil online, precisando de intensificar (as medidas para evitar ou combater este tipo de abuso) e trabalhar connosco", acrescentou Susie Hargreaves.

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