Investigador José Pedro Castro, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, i3S
Investigador José Pedro Castro, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, i3SDR

Que segredos escondem os genes de quem vive até aos 100 anos? Um investigador português foi descobrir

Investigação revelou importantes pistas sobre os mecanismos genéticos que permitem a algumas pessoas viverem até para lá dos 100 anos.
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As hipóteses de uma pessoa viver até aos 100 ou mais anos já estão, em grande medida, pré-definidas à nascença, através de caracterísitcas genéticas.

Uma investigação conduzida por cientistas da Harvard Medical School, com a participação do investigador português José Pedro Castro, atualmente no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), revelou importantes pistas sobre os mecanismos genéticos que permitem a algumas pessoas viverem até para lá dos 100 anos. O estudo, publicado na prestigiada revista Nature Communications, identificou genes livres de mutações disfuncionais que parecem ser determinantes para a longevidade e envelhecimento saudável.

Estes chamados "genes da longevidade", que se mostram maioritariamente hereditários, apresentam um papel crucial na proteção contra doenças associadas ao envelhecimento, como problemas cardiovasculares, cancros e doenças neurodegenerativas. “Os centenários são um modelo raro e valioso para o estudo do envelhecimento bem-sucedido. Muitos mantêm funções físicas e cognitivas plenas até ao final da vida”, destaca o investigador José Pedro Castro, citado em comunicado da instituição.

O estudo avançou na identificação de 35 genes com menor número de mutações de perda de função em indivíduos centenários. Assim, genes como o RGP1, PCNX2 e ANO9 foram assinalados como tendo um impacto direto na longevidade. “Através de métodos avançados de computação e estatística, identificámos vias moleculares que contêm esses genes, indicando que as pessoas centenárias possuem menos erros nessas vias, o que pode abrir caminho para a criação de medicamentos capazes de modulá-las diretamente”, explicou o investigador.

Outro dos pontos destacados é que, além dos centenários, os descendentes também apresentam uma vantagem genética. “Embora numa escala menor, herdam variantes genéticas raras resistentes a mutações, conferindo-lhes maior proteção em comparação com descendentes de não centenários”, refere o cientista.

Rumo a Estratégias Terapêuticas

Os resultados representam um avanço significativo na compreensão da genética da longevidade, destaca José Pedro Castro: “Identificámos genes e vias que resistem à perda de função com a idade, promovendo o envelhecimento saudável e o prolongamento da vida. Este conhecimento pode abrir portas para o desenvolvimento de estratégias farmacológicas que melhorem a qualidade de vida.”

O estudo reforça a evidência de que a trajetória de longevidade é, em grande parte, definida antes mesmo do nascimento, durante processos embrionários específicos.

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