Quando o mobiliário urbano casa com o enquadramento urbanístico
O mobiliário urbano desempenha um papel multifacetado, indo além da sua função de servir como suporte para publicidade. Em muitas cidades mundiais, incluindo portuguesas, a necessidade de integração harmoniosa entre o mobiliário urbano e os padrões estéticos e urbanísticos é valorizada e tida em conta pelas câmaras municipais. Essas estruturas não são apenas montras de publicidade, pois algumas delas são também abrigos para os cidadãos, protegendo-os da chuva, do frio ou do calor, enquanto aguardam por transportes públicos ou se protegem das intempéries.
O DN conversou sobre esta temática com o diretor-geral da JCDecaux Portugal, Philippe Infante. “A JCDecaux é referência em inovação, qualidade, design e funcionalidade, ao serviço das cidades e das marcas. Com um saber de experiência feito de quase seis décadas, os serviços de excelência na conceção, conservação e manutenção dos equipamentos e as melhores soluções de comunicação exterior, são reconhecidos mundialmente pelas cidades, aeroportos e autoridades de transporte, e claro, pelas marcas”, diz Philippe Infante, cuja carreira em terras lusas teve início em 2022, antes esteve na Peugeot, em França, até 2003, ano em que assumiu o cargo de Sales Executive na JCDecaux em Marselha, cargo que ocupou até chegar a Portugal”
Em 2023, a empresa teve um volume de negócios ajustado de 3 570 milhões de euros e uma audiência diária de mais de 850 milhões de pessoas, distribuídas por 80 países. A firma está presente em 3573 cidades e emprega 11 200 colaboradores. “A JCDecaux é líder mundial no mercado da publicidade exterior e conta com milhares de parceiros, com quem partilha funções de organização e planeamento do espaço público. É o único operador internacional que se concentra no mercado out-of-home nas três áreas de atividade: mobiliário urbano, grande formato e publicidade em transportes”, explica Philippe Infante.
O grupo está a operar uma gigantesca transformação digital, não só para se modernizar, mas também a caminho da sustentabilidade. Para além de os múpis estarem a passar de expositores dos tracionais cartazes de papel para telas digitais, permitindo uma maior flexibilidade na exibição de conteúdo publicitário e implicando uma menor utilização de papel, os expositores atuais têm também a preocupação de utilizar os menores recursos energéticos possíveis.
“A sustentabilidade é uma preocupação constante nossa”, garante Philippe Infante.
O diretor-geral da JCDecaux em Portugal lamenta que, ao contrário do que acontece noutros países europeus, onde os critérios de sustentabilidade são essenciais para ganhar concursos públicos, entre nós esse fator não seja devidamente tido em conta, sendo o preço mais competitivo o critério mais valorizado. Assinala ainda o facto de as câmaras municipais se confrontarem com dificuldades de fiscalização das atividades do setor publicitário.
Philippe considera que o futuro do mobiliário urbano está ligado à sua capacidade de se adaptar às necessidades de evolução das cidades e dos cidadãos. Para além de emitirem publicidade, as telas digitais podem oferecer serviço público, fornecendo informações sobre transportes públicos, condições climáticas e ações locais, tornando o mobiliário urbano mais funcional e interativo. “A JCDecaux aposta em campanhas disruptivas e inovadoras”, que “não só evidenciam a sua capacidade de proporcionar experiências que transcendem as expectativas convencionais do setor, mas também reforçam a sua posição de liderança na vanguarda da publicidade exterior”, conclui Philippe Infante.
O impacto negativo dos painéis publicitários nas autoestradas
Philippe Infante manifestou ainda a sua preocupação relativamente à proliferação desenfreada de painéis publicitários ao longo das autoestradas, “um problema que não é apenas estético, mas também representa uma ameaça à segurança rodoviária”. A estética das autoestradas é comprometida quando os painéis publicitários são espalhados de forma indiscriminada, muitas vezes sem nenhum critério. A paisagem natural é substituída por uma cacofonia visual de anúncios. Isso não só afeta a paisagem envolvente, como prejudica a experiência de condução.
A distração é um dos principais fatores de acidentes e a presença excessiva de anúncios contribui de forma significativa para uma menor concentração. “Para combater esse problema é necessário um esforço conjunto entre autoridades, reguladores e empresas de publicidade. É crucial reconhecer que os painéis publicitários não devem comprometer a segurança e a estética das autoestradas”, considera Philippe Infante, que é da opinião que uma regulamentação mais rigorosa deve ser urgentemente posta em prática para controlar a localização e o número de painéis publicitários ao longo das vias rápidas, reduzindo o número de acidentes e melhorando o plano visual.