Portugal produz cerca de 160 mil toneladas por ano de arroz em casca.
Portugal produz cerca de 160 mil toneladas por ano de arroz em casca.Paulo Spranger

Produtores de arroz dizem-se "guardiões de ecossistemas”. Mas estão cada vez mais velhos e a perder milhões

Portugal é o país europeu que mais consome arroz e o quarto maior produtor. Mas concorrência externa está a afetar setor. Associações foram ao parlamento pedir apoios.
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Os produtores de arroz em Portugal estiveram no parlamento a pedir mais atenção aos deputados para os problemas que afetam o setor. Na comissão parlamentar de agricultura, foram pedidas soluções para que não se continue a produzir arroz “abaixo do preço de venda” e sem condições de competir com outros produtores de fora da Europa.

Segundo as contas de João Reis Mendes, diretor executivo do Agrupamento de Produtores de Arroz de Vale do Sado (APARROZ), em 2024 estes agricultores (orizicultores) perderam “30 milhões de euros” por estarem a vender o produto abaixo do preço de custo. “Em dezembro, juntámos na associação dos regantes os produtores de arroz. A sala foi pequena. Este ano, produzimos arroz abaixo do preço de venda. Perdemos 30 milhões de euros no conjunto do país. Senhores deputados, era bom que apontassem isto. Já tínhamos feito o investimento”, afirmou o dirigente João Reis Mendes, citado pela agência Lusa.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), cada português consome em média 15,1 quilos de arroz branqueado e semibranqueado por ano, o maior valor per capita na Europa. Por outro lado, de acordo com o boletim da “Campanha Agrícola 2023” desenvolvido pelo COTArroz – Centro de Competências do Arroz, o país produz cerca de 160 mil toneladas por ano de arroz em casca (média dos últimos cinco anos), sendo o quarto maior produtor europeu atrás de Itália, Espanha e Grécia. Esta produção está, sobretudo, concentrada em três áreas: ao longo dos estuários dos rios Tejo e Sorraia (55% da área), Sado (25% da área) e Mondego (20% da área). E a variedade de arroz mais cultivada é o típico carolino, que já está enraizado na cultura nacional.

O papel dos arrozais na preservação ambiental também foi salientado aos deputados pelo presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Mondego (AABM), José Manuel Pinto da Costa. “Os produtores são guardiões das paisagens e ecossistemas”, frisou, pedindo “sensibilidade” para estas matérias.

Já Carlos Parreira do Amaral, presidente da direção da Associação de Orizicultores de Portugal (AOP), deixou outros alertas. Notou que Portugal é o país da Europa com a média de idades dos orizicultores mais avançada (67 anos) e que as infestações dos terrenos estão a ocupar um espaço cada vez maior, tendo apresentado ao Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral um documento técnico onde propõe, entre outras medidas, a adoção de um pousio sanitário.

Por sua vez, o diretor-geral da A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) também marcou presença na audição, tendo o diretor-geral, Gonçalo Lobo Xavier, denunciado que existe hoje um grande desconhecimento sobre as potencialidades do arroz, pedindo investimento em informação e comunicação, e sublinhado a escolha dos consumidores é sobretudo baseada no preço e não na origem do produto. Por isso, defende “que se evidencie a qualidade dos produtos e a produção” na rotulagem e que os próprios retalhistas sirvam com “canais de exportação internacional”.

Com Lusa

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