Uma viagem de Almada, no distrito de Setúbal, para o Aeroporto em Lisboa pela plataforma Uber triplicou de preço na manhã desta segunda-feira, 30 de junho, devido à paralisação de motoristas TVDE, disse à Lusa o responsável do movimento que convocou a iniciativa Stop Uber.“Está a correr super bem. Nunca houve uma paralisação tão grande em Portugal como agora. Posso dar um exemplo de que o preço do Uber triplicou numa viagem de Almada para o Aeroporto de Lisboa”, afirmou Tiago Sousa.Os motoristas de transportes em veículos descaracterizados (TVDE) de norte a sul do país foram mobilizados para uma paralisação nacional contra a tarifa imposta pela Uber durante dois períodos do dia: entre as 07:00 e as 10:00 e entre as 17:00 e as 20:00."Aquilo que estamos a viver hoje é histórico. Os motoristas estão unidos e finalmente a fazer-se ouvir. O nosso objetivo é simples: o cumprimento da Lei 45/2018 e a defesa de condições de trabalho justas. As plataformas não podem continuar a agir acima da lei e a explorar os profissionais que asseguram este serviço essencial todos os dias", disse Tiago Sousa.O líder do movimento Stop Uber, que promove a paralisação, explicou não ser possível quantificar quantos motoristas aderiram ao protesto, revelando, no entanto, que o objetivo principal “é que os motoristas não percam rendimentos”.Fonte oficial da Uber, numa resposta escrita enviada à Lusa, disse que a empresa respeita “o direito de manifestação de todos” os que utilizam a plataforma e “cumpre integralmente a legislação em vigor”.“A taxa de intermediação prevista na Lei n.º 45/2018 é cobrada numa base semanal, nunca excedendo os 25% do valor total das viagens realizadas por cada operador TVDE”, lê-se na resposta.Sobre a paralisação, a fonte explicou que historicamente estas ações “não têm tido impacto na operação da Uber, não se traduzindo em alterações ao serviço para o consumidor final”.“Esta manhã o serviço tem estado a funcionar com normalidade e com os elevados padrões de fiabilidade que os utilizadores esperam da Uber e tudo indica que assim continue”, referiu a plataforma.“Os motoristas estão a trabalhar na outra plataforma. A Bolt está com mais procura”, disse Tiago Sousa, lembrando, igualmente, que as duas plataformas [Uber e Bolt] “não estão a a promover corridas justas para os motoristas”.No entanto, de acordo com Tiago Sousa, neste momento, “a Bolt já aumentou duas vezes o preço este ano e há garantias do presidente [da plataforma em Portugal] que vai aumentar outra vez”.Segundo Tiago Sousa, a maior percentagem de faturamento dos motoristas é da parte da Uber, tendo o responsável dado o exemplo de que, “numa viagem de 27/28 euros, o motorista recebe 13 euros e o cliente continua a pagar o preço alto” e os motoristas “a receber uma percentagem pequena do valor na viagem”.“Não se está a cumprir a lei 45 que refere que as plataformas só podem levar 25% do preço da viagem”, acusou, frisando que o principal objetivo da ação de hoje é “chegar a um grupo parlamentar ou alguma entidade que possa regular esta situação” e, sobretudo, “fazer-se cumprir a lei”.O movimento congratula-se com o facto de “já existirem deputados da Assembleia da República a solicitar informações adicionais para que possam agir politicamente nesta matéria”, considerando tratar-se de “um sinal importante” de que a luta dos motoristas começa a ser reconhecida nos círculos decisores.Segundo a fonte oficial da Uber, os motoristas “têm total visibilidade sobre a informação de cada viagem antes de a aceitarem: o valor estimado dos rendimentos, os quilómetros, o ponto de partida e o destino e tempo de duração estimado da viagem são apresentados diretamente na ‘app’ para que os motoristas aceitem os pedidos que melhor se adequem às suas necessidades”.A Uber lembrou também não haver “qualquer penalização” nos casos em que não aceitam a viagem.“Cada motorista dispõe da informação necessária para decidir, em total autonomia e em articulação com o respetivo operador TVDE, se pretende aceitar ou não a viagem”, acrescentou.Segundo a plataforma, “a esmagadora maioria dos operadores e motoristas está satisfeita com a experiência na plataforma Uber”, estando a Uber empenhada em continuar a ouvir os motoristas “para melhorar continuamente essa experiência”.A empresa referiu ainda que, até ao momento, não recebeu qualquer contacto por parte deste novo movimento.O movimento Stop Uber defende a abertura de um processo de averiguação e auditoria às práticas de cobrança da Uber, além da aplicação das sanções previstas na Lei n.º 45/2018, caso se confirmem as infrações.É ainda pedido o reforço da fiscalização das plataformas eletrónicas, garantindo o cumprimento da lei e a promoção de maior transparência nos contratos e na definição das comissões praticadas pelas plataformas..Motoristas de TVDE mobilizam-se para paralisação hoje nas horas de ponta. O movimento congratula-se com o facto de “já existirem deputados da Assembleia da República a solicitar informações adicionais para que possam agir politicamente nesta matéria”, considerando tratar-se de “um sinal importante” de que a luta dos motoristas começa a ser reconhecida nos círculos decisores.O movimento Stop Uber defende a abertura de um processo de averiguação e auditoria às práticas de cobrança da Uber, além da aplicação das sanções previstas na Lei n.º 45/2018, caso se confirmem as infrações.É ainda pedido o reforço da fiscalização das plataformas eletrónicas, garantindo o cumprimento da lei e a promoção de maior transparência nos contratos e na definição das comissões praticadas pelas plataformas.