Prémio Gulbenkian. Depois de Greta, volta a aposta a favor do clima
Segunda edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade de um milhão de euros é entregue na terça-feira.
Na primeira edição foi distinguida a ativista sueca Greta Thunberg, que em julho de 2020 foi escolhida pelo júri do prémio como a personalidade que mais se destacou na defesa do ambiente e de forma inovadora combateu as alterações climáticas. A jovem ativista reagiu rapidamente ao confirmar que ia doar metade do valor do prémio, 500 mil euros a dez organizações ambientais em vários continentes. A Red Cross and Red Crescent Movement, que apoia vítimas de catástrofes em África e a Oil Change International, que apoia projetos de energias renováveis a Solar Sister, que dá formação empresarial a mulheres empreendedoras da Tanzânia e Nigéria, foram algumas das organizações apoiadas com a verba da primeira edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, que anuncia esta terça-feira o vencedor da edição de 2021.
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O júri deste ano é composto por Miguel Bastos Araújo, Hans-Joachim Schellnhuber, Johan Rockström, Mariana Mazzucato, Miguel Aries Cañete, o príncipe Constantijn van Oranje, Runa Khan, Sandra Díaz, Sunita Narain e Rik Leemans, o líder do grupo de Análise de Sistemas Ambientais da Universidade de Wageningen, Países Baixos.
Rik Leemans diz ao DInheiro Vivo que este "é um prémio dedicado a personalidades académicas e da sociedade que criaram substanciais acções no âmbito das alterações climáticas e apesar de só ter sido atribuído uma vez já tem uma visibilidade internacional muito alargada. Temos nomeações muito diversas, na área de engenharia, finanças ou ciências, mas também de organizações com soluções locais, regionais ou globais ou que estimularam pessoas e governos a fazer transições sustentáveis e a envolverem-se nas questões ambientais".
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Rik Leemans sublinha que "a prosperidade não é incompatível com a sustentabilidade. Prosperidade é uma combinação de pessoas lucros, planeta e prazer, todos são importantes e não são independentes. Os lucros não são possíveis sem pessoas que têm prazer e sem o planeta, a humanidade depende muito do ambiente, dos seus recursos e do seu ecossistema para sobreviver" e são esses os princípios que este prémio procura incentivar.
O jurado dos Países Baixos refere ainda que "têm de ser todos os atores da nossa sociedade a contribuir, mas há alguns setores ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis: a metalomecânica, os cimentos e os fertilizantes emitem muito CO2. As alternativas a estes produtos têm que ser desenvolvidas em breve e o hidrogénio pode ser uma solução". Quanto às novas tecnologias, Rik Leemans admite que a nova fase de digitalização "pode ajudar a acelerar alguns processos e a reduzir o trânsito, mas esta é uma indústria que depende muito de eletricidade para os seus servidores e para os arrefecer. A digitalização consome muita energia e muita dela verde, terá que ser uma indústria mais eficiente também", porque "os impactos sociais e ambientais continuam a ser muitas vezes ignorados, se forem incluídos nos preços finais, certamente que os produtos amigos do ambiente acabarão por ser mais baratos". "Uma sociedade sustentável é provavelmente como um Jardim do Eden biodiverso, com pessoas felizes, empreendedores responsáveis e com todas as necessidades satisfeitas em equidade. Talvez com uma macieira e uma cobra com compaixão", acrescenta.
Filipe Morais é jornalista do Dinheiro Vivo
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