PR preocupado com fecho de urgências de obstetrícia mas salienta problema "específico"
Marcelo Rebelo de Sousa admite que "siuação crítica" deste fim de semana é objeto de preocupação.
O Presidente da República considerou este sábado objeto de preocupação o encerramento de serviços de urgência de obstetrícia, mas contrapôs que se trata de um "ponto crítico específico" e que deve olhar-se para o sistema de saúde globalmente.
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Esta posição foi assumida por Marcelo Rebelo de Sousa em Londres, depois de questionado pelos jornalistas sobre o encerramento de serviços de urgência de obstetrícia em Portugal.
Na resposta, o chefe de Estado desdramatizou, dizendo que houve "uma situação crítica neste fim de semana longo em alguns serviços de obstetrícia".
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"Isso acontece e, obviamente, não deixa de ser objeto de preocupação. Mas esse é um ponto crítico específico. Temos de olhar para esses pontos específicos, que têm a ver com outro que é o dos cuidados primários, analisando o sistema como um todo e ir introduzindo as mudanças necessárias para o adaptar à realidade", acrescentou.
O Hospital de Braga confirmou hoje que vai fechar domingo, e durante 24 horas, a urgência de obstetrícia "pela impossibilidade completar escalas", mas garante que "está a trabalhar" para que "a resposta seja garantida" junto de outras unidades.
Num comunicado enviado à agência Lusa, o conselho de administração do Hospital de Braga negou contudo o encerramento deste serviço no dia 18 de junho, como anunciara o sindicato.
Os problemas de falta de médicos para assegurar as escalas de urgência estendem-se a outros hospitais do país, nomeadamente da região de Lisboa e Vale do Tejo.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) avisou na sexta-feira que os constrangimentos no funcionamento dos serviços de obstetrícia e ginecologia vão manter-se até segunda-feira em vários hospitais na região de Lisboa.
"Apesar de todos os esforços desenvolvidos, não foi possível ultrapassar os constrangimentos no funcionamento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia da Região" no período dos feriados (até segunda-feira), disse a ARSLVT em comunicado.
A resposta aos utentes, sublinha, "será garantida pela rede do SNS da região, com desvios na resposta ao serviço de urgência externa".
Segundo a ARS de Lisboa e Vale do Tejo irão verificar-se constrangimentos no atendimento das emergências/urgências de Ginecologia ou Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo (HBA) desde as 0800 de hoje até às 08:00 de segunda-feira, sendo os atendimentos assegurados pelos restantes hospitais da região".
E já hoje anunciou que, entre as 20:00 de hoje e as 08:00 de domingo, os serviços de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e do Hospital Garcia de Orta, em Almada, serão assegurados por outras unidades da rede, nomeadamente pelo Hospital Santa Maria e pela Maternidade Alfredo da Costa.
No caso do Hospital São Francisco Xavier, que faz parte do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, as utentes serão prioritariamente encaminhadas para o Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).
Na sexta-feira foi conhecido o caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde disse ter "conhecimento de que, por constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir, a urgência externa do Centro Hospitalar do Oeste estava desviada para outros pontos da rede do Serviço Nacional de Saúde".
O Ministério diz estar a "acompanhar o tema, em especial a evolução da situação clínica da utente que está internada no hospital, que se encontra estável e a quem será prestado apoio psicológico".
Para além de "lamentar profundamente" o sucedido, o Ministério da Saúde afirma que, "tendo em vista o apuramento de toda e qualquer responsabilidade, foi já instaurado um inquérito aos factos pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS)" e conclui que, "na pendência do inquérito, cujos resultados serão tornados públicos, não é possível estabelecer qualquer relação entre os dois factos".