Portuguesas são mães cada vez mais tarde

As mulheres têm o primeiro filho aos 30 anos e 25 por cento delas não espera ter mais do que um, enquanto oito por cento dos portugueses em idade fértil não tem nem quer ter filhos.
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Os dados fazem parte de um estudo apresentado hoje, "Determinantes da Fecundidade em Portugal", o resultado de uma parceria entre a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e o Instituto Nacional de Estatística e que foi coordenado pela Universidade de Évora.

De acordo com o documento, baseado num inquérito à fecundidade feito em 2013 e no qual se relembra que Portugal tem dos mais baixos índices de fecundidade do mundo, há "um adiamento notório" da idade para se ser pai e mãe, estando a idade média de fecundidade nos 31,5 anos e as mulheres a terem em média o primeiro filho aos 30 anos, mais 4,5 anos do que na década de 1990.

Mediante o inquérito pode concluir-se que 50 por cento das pessoas em idade reprodutiva esperam ter dois filhos e que 25 por cento fica-se só por um, concluindo-se também que as pessoas desejam ter mais filhos do que aqueles que na realidade têm.

O trabalho revela também que há fatores que levam ao adiamento em ter filhos, como o prolongamento de estudos, o momento da entrada no mercado de trabalho, a instabilidade ou falta de uma relação conjugal, a saída tardia da casa dos pais, pensar que ter filhos não é essencial para a realização pessoal e acreditar que é preferível menos filhos mas poder dar-lhe melhores oportunidades.

O estudo foi hoje apresentado na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, e marca o início de um mês que a FFFMS dedica à população, organizando nomeadamente um ciclo de debates, sobre os incentivos públicos à natalidade, sobre o adiamento da parentalidade, sobre os filhos únicos e sobre a decisão de ter ou não filhos.

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Um mês dedicado à população segue-se a outros da Fundação sobre a Educação e sobre a Ciência, lembrou o presidente da FFMS, Nuno Garoupa, enquanto Maria João Valente Rosa, também da Fundação, explicou que os números hoje conhecidos são o resultado de dois anos de análise por uma equipa da Universidade de Évora.

Além do estudo e dos debates, e numa pareceria com a estação televisiva TVI, a FFMS (instituição com o objetivo de promover e aprofundar o conhecimento da realidade portuguesa) lançou um projeto multimédia chamado "Nascer em Portugal" (www.nasceremportugal.ffms.pt).

Nele fica-se a saber, por exemplo, que em 1960 bastavam três mães para ter 10 bebés e que agora são precisas oito, ou que segundo o inquérito só três por cento dos pais querem ter mais de três filhos.

Do trabalho pode concluir-se também que a união de facto é cada mais comum e que o sentimento de estabilidade (por exemplo o desemprego) e perceção de segurança (no presente ou no futuro) "são fundamentais" na decisão de ter filhos.

Segundo a equipa da Universidade de Évora, liderada pela socióloga Maria Filomena Mendes, muitos jovens deixaram de sentir urgência em ter filhos e nos primeiros anos da idade adulta investem mais na formação, nas carreiras e em recursos para atividades mais centradas em si mesmo.

Alerta o estudo que quanto mais tarde as pessoas têm o primeiro filho maiores as probabilidades de ficarem só com esse filho.

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