Portugal perdeu 214 286 habitantes em 10 anos
Portugal regista um decréscimo populacional de 2,0% e acentua o padrão de litoralização e concentração da população junto da capital. Há menos 214 286 pessoas, segundo os Censos 2021
Na última década, Portugal regista um decréscimo populacional de 2,0% - ou seja o país tem menos 214 286 pessoas e um total de 10 347 892 - e acentua o padrão de litoralização e concentração da população junto da capital. O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa são as únicas regiões que registam um crescimento da população, sendo o Alentejo aquela que regista o decréscimo mais expressivo, divulga o INE.
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A nível de concelho, Odemira com 13,3% (mais 3 457 residentes) e Mafra com 12,8% (mais 9 838 residentes) registaram os maiores acréscimos populacionais, seguindo-se Palmela, Alcochete e Vila do Bispo, um saldo positivo entre 9,6% e os 8,8%
Barrancos (-21,8%), Tabuaço (-20,6%), Torre do Moncorvo (-20,4%), Nisa (-20,1%), e Mesão Frio (-19,8%) foram os municípios que registaram os decréscimos populacionais mais significativos.
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Em contrapartida, cresceu o número de edifícios e de alojamentos destinados à habitação, embora num ritmo bastante inferior ao verificado em décadas anteriores.
Os dados preliminares dos Censos 2021 sublinham a importância dos fluxos migratórios para os saldos da população. Odemira regista o aumento mais significativo de habitantes - embora não tanto como o divulgado pela própria autarquia -, o que se deve à intensificação das explorações agrícolas no concelho e que recorre aos imigrantes.
Por outro lado, entre 2011 e 2021 registam-se menos habitantes em relação à década anterior, o que só aconteceu entre 1960 e 1970, um período de intensa emigração.
Menos 214 266 pessoas
Nos últimos 10 anos a população residente em Portugal reduziu-se em 214 286 pessoas nos últimos dez anos. Só na década de 1960 e 1970 e tinha verificado um decréscimo populacional. Nasceram muito menos crianças e os fluxos migratórios não o compensaram
A população residente em 2021 tem um valor próximo do registado em 2001 quando residiam em Portugal 10 356 117 pessoas.
O Algarve (mais 3,7 %) foi a região que mais cresceu em termos populacionais, seguindo-se a a Área Metropolitana de Lisboa (1,7 %). Foram as únicas regiões a ter mais habitantes entre 2011 e 2021.
Todas as outras regiões têm menos residentes, com o Alentejo a registar a quebra mais expressiva (menos 6,9%(, seguindo-se a Região Autónoma da Madeira (-6,2%),
O número de edifícios destinados à habitação é de 3 587 669 e o de alojamentos de 5 961 262, um aumento de 1,2% e 1,4%, respetivamente, face a 2011. Mas é uma subida inferior à verificada na década anterior, período em que se registaram mais 12% de edifícios e 16% de alojamentos.
Madalena (R.A. Açores), Vizela, Lousada, Campo Maior e Odemira foram os que registaram maior crescimento no número de alojamentos (entre os 13,5% e os 6,3%). Em contrapartida, Tarouca, Penela, Coruche, Mação e São Vicente registaram os decréscimos mais significativos (entre -10,5% e -4,6%).
A recolha de informação decorreu entre 5 de abril e 31 de maio, sendo que a data a que se referem os dados (momento censitário) é dia 19 de abril. Estiveram envolvidas 15 mil pessoas nesta etapa.
Entre o total dos 99,3% de respostas digitais, o meio mais utilizado foi o acesso direto ao website (87,5%), seguindo-se as respostas com a ajuda da aplicação móvel do recenseador (7,7%) e, finalmente, o preenchimento dos questionários nos ebalcões das Juntas de Freguesia (4,1%).
Francisco Lima, presidente do Conselho Diretivo do INE, destaca que a "resposta expressiva" pela Internet contribuiu para que a operação decorresse com "toda a qualidade, tranquilidade e segurança" num contexto de pandemia.
"Realça-se que apesar do contexto pandémico e da elevada complexidade de todo o processo, o sucesso desta operação censitária é inseparável do elevadíssimo nível de adesão por parte dos cidadãos, o qual, por sua vez, resultou do enorme empenho de todos os que apoiaram, divulgaram e participaram nestes Censos 2021", sublinha o dirigente.
Cerca de 50% da população residente em Portugal concentra-se em 31 dos 308 municípios
Cerca de 50% da população residente em Portugal concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
"Nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e apenas 51 registaram um aumento. Na década anterior tinham assistido a quebras populacionais 198 municípios", indicou o INE.
Segundo os dados preliminares dos Censos 2021, o padrão de litoralização e o movimento de concentração da população junto da capital portuguesa foram acentuados e reforçados durante a última década.
De acordo com o INE, da análise por município conclui-se que "os territórios localizados no interior do país perdem população" e os municípios que assistiram a um crescimento populacional se situam predominantemente no litoral, "com uma clara concentração em torno da capital do país e na região do Algarve".
Com base nos dados dos Censos 2021, dos 31 municípios que concentram cerca de 50% da população residente em Portugal, os 10 mais populosos são Lisboa, com 544.851 habitantes, Sintra (385.954), Vila Nova de Gaia (304.149), Porto (231.962), Cascais (214.134), Loures (201.646), Braga (193.333), Almada (177.400), Matosinhos (172.669) e Oeiras (171.802).
Os outros 21 concelhos mais populosos são Amadora (171.719), Seixal (166.693), Gondomar (164.255), Guimarães (156.852), Odivelas (148.156), Coimbra (140.796), Vila Franca de Xira (137.659), Santa Maria da Feira (136.720), Maia (134.959), Vila Nova de Famalicão (133.590), Leiria (128.640), Setúbal (123.684), Barcelos (116.777), Funchal (105.919), Viseu (99.693), Valongo (94.795), Mafra (86.523), Viana do Castelo (85.864), Paredes (84.414), Torres Vedras (83.130) e Vila do Conde (80.921).
A maioria destes 31 concelhos estão localizados nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.
Paradela e Granjinha tem 99 residentes e é a freguesia mais pequena no continente
Paradela e Granjinha, no concelho de Tabuaço e distrito de Viseu, perdeu 45% da sua população nos últimos 10 anos e é a freguesia mais pequena de Portugal continental, com 99 habitantes, segundo os Censos de 2021.
Esta freguesia, que há 10 anos tinha 180 residentes, foi a que perdeu percentualmente mais população, segundo os resultados preliminares dos Censos de 2021, divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Longa, outra freguesia de Tabuaço, é a segunda freguesia com maior variação populacional no continente desde 2011: perdeu -43,5% da sua população e conta nos Censos de 2021 com 209 habitantes.
No distrito de Bragança estão localizadas três das 10 freguesias com maior variação populacional entre os dois Censos.
Em Vilares da Vilariça, em Alfândega da Fé, moram 132 pessoas, menos -38,9% do que em 2011, Vilar Seco (Vimioso) tem 116 habitantes, menos -35,9% do que há 10 anos, e Pereiros (Carrazeda de Ansiães) perdeu -35,7% dos seus residentes, tendo agora 151.
No distrito de Viana do Castelo, há duas freguesias neste grupo de freguesias com maior variação populacional: Fiães (Melgaço) tem 146 habitantes, menos -38,9% em relação a 2011, e Senharei, em Arcos de Valdevez, perdeu -37,1% dos residentes, para os 163 atuais.
Entre as 10 freguesias com maior variação populacional estão também Giões (Alcoutim, distrito de Faro), que perdeu -40,6% da população para 152 habitantes, Almofala e Escarigo (Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda) que tem agora 180 residentes, -35,7% do que em 2011, e São João do Peso (Vila de Rei, Castelo Branco), que tem menos -35,3%, num total de 132 pessoas.
No sentido contrário, Longueira/Almograve, em Odemira (Beja), foi a freguesia que ganhou percentualmente mais habitantes desde 2011, com uma variação de +72,4%, para 2.338 pessoas.
Rapoula do Coa (concelho do Sabugal e distrito da Guarda), é a freguesia com maior variação positiva que se segue, com um crescimento de +37,4%, para 268 habitantes.
A apresentação dos resultados definitivos dos Censos 2021 está prevista para o 4º trimestre de 2022. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) a esmagadora maioria das respostas (99,3%) chegaram por via digital.