Ponte Marechal Carmona faz 70 anos com promessas de melhoramentos

A ponte gratuita, inaugurada em 1951 por Craveiro Lopes e António Salazar, foi a primeira entre as duas margens do rio Tejo na região de Lisboa.

A Ponte Marechal Carmona, a primeira travessia do Tejo na região de Lisboa, completa 70 anos - foi inaugurada no dia 30 de setembro de 1951. A data esteve para ser assinalada ontem com uma travessia simbólica no rio, e um cortejo e um desfile com a participação dos campinos. Mas foram cancelados devido ao reforço das medidas de controlo da covid-19.

Após 70 anos da inauguração da ponte, as Infraestruturas de Portugal, em parceria com o município vila-franquense, trabalham num "processo de recuperação da iluminação pública, conservação e manutenção geral da construção, bem como a reabilitação da iluminação decorativa dos arcos da ponte" para uma "nova perspetiva", promete o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira.

Segundo Fernando Paulo Ferreira, nos dias de hoje a ponte "é a única ligação de norte a sul por cima do Rio Tejo, na região de Lisboa, que é totalmente gratuita". Um total de 15 mil veículos atravessam esta infraestrutura diariamente, sendo que "um quarto deles são veículos comerciais".

A Marechal Carmona, que ficou conhecida popularmente como a "Ponte de Vila Franca de Xira", foi inicialmente pensada na década de 1920, mas só se tornou realidade a 30 de dezembro de 1951 quando foi inaugurada pelo antigo Presidente da República, o general Francisco Craveiro Lopes, e pelo então presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar. O projeto, na altura, foi a "maior e mais dispendiosa empreitada adjudicada pelo Estado Português" e uma das mais importantes estruturas erguidas em Portugal nos anos 50 do século XX, custando cerca de 130 mil contos (aproximadamente 648.437.21 euros).

"Velha aspiração tornada realidade", lia-se na primeira página do Diário de Notícias de 31 de dezembro de 1951, o dia seguinte à data em que foi inaugurada. "A ponte de Vila Franca ontem solenemente inaugurada perante o enorme regozijo das populações do Ribatejo e do Alentejo", foi o título principal da edição do DN.

A história desta infraestrutura começou oficialmente em 1924, quando chegou ao Ministério das Obras Públicas o primeiro pedido para a construção de uma ponte sobre o Tejo. Até então, a passagem entre as margens do rio era feita no Cais do Cabo em barcos a motor - antigamente chamados "gasolinas"- ou através da Ponte Dom Luís I em Santarém, a 80 quilómetros da capital. Cerca de 24 anos depois, em abril de 1948, a construção foi concedida aos grupos Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos Lda. e à empresa Dorman, Long & Co. Ltd., que iniciaram a obra com a duração de mil dias. Concluída mais de dois anos depois, a ponte recebeu o nome do Marechal Óscar Carmona, o Presidente da República então recém-falecido.

Na época, a instauração desta empreitada foi transformadora, assumindo desde logo uma importância fulcral no desenvolvimento local e nacional, uma vez que foi a primeira ligação rodoviária entre as duas margens, unindo norte e sul do país. Até 1966, a ponte com 1224 metros de comprimento e um tabuleiro central de 524 metros, foi o principal ponto de passagem do Tejo. Contudo, após a abertura da Ponte 25 de Abril (inicialmente batizada de Ponte Salazar) mais de metade do tráfego da Marechal Carmona caiu.

Pode-se considerar que esta obra foi quase na totalidade edificada por portugueses, apesar de terem participado no projeto dois engenheiros ingleses e dois dinamarqueses, na qualidade de fiscais da empresa adjudicatária. Mas a obra teve a supervisão do engenheiro português José Catarino, da Junta Autónoma das Estradas (JAE), e do engenheiro Carlos Craveiro Lopes Couvreur, diretor do serviço de pontes da JAE.

No âmbito das comemorações dos 70 anos da Ponte Marechal Carmona, está desde ontem patente no Museu Municipal de Vila Franca de Xira, e até 30 de Outubro de 2022, a exposição "A re(afirmação) de um elemento identitário" . Marcada por uma forte componente multimédia e virtual, esta exposição é "fruto de uma persistente investigação" conjunta das Infraestruturas de Portugal (IP) e o Museu Municipal sobre a história da ponte, que "permite ao visitante um conhecimento mais alargado sobre a construção da infraestrutura".

dnot@dn.pt

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