Pokémon Go. O primeiro jogo da Nintendo para smartphones está a deixar os fãs loucos
Lançado na semana passada, o jogo para iOS e Android já foi descarregado por 7,5 milhões de pessoas só nos Estados Unidos e está a causar o caos nas ruas Pokémon Go. O primeiro jogo da Nintendo para smartphones está a deixar os fãs loucos
Desde que aterrou nas lojas de aplicações da Apple e da Google na semana passada, o novo jogo Pokémon Go disparou para o topo dos downloads e tomou de assalto milhões de fãs da Nintendo. A consultora SensorTower estima 7,5 milhões de jogadores só nos Estados Unidos e mais de 1,6 milhões de dólares de receitas com as compras dentro da aplicação. A loucura é tanta que já houve acidentes e roubos relacionados com o jogo, que põe os utilizadores à caça de criaturas exóticas no mundo real através do ecrã do smartphone. É uma revolução da realidade aumentada com um protagonista inesperado. Esta é a primeira vez que a marca japonesa sai das consolas, ainda que o título seja licenciado através da Pokémon Company, uma joint-venture entre a Nintendo, Game Freak e Creatures.
"Tal como se esperava, o Pokémon Go tornou-se rapidamente um enorme sucesso à escala global", afirma ao DN Jorge Vieira, diretor de relações públicas da Nintendo Portugal. "Estamos obviamente muito satisfeitos com a tremenda adesão e interesse que o Pokémon Go está a despertar", sublinhou.
Nas lojas App Store para iPhone e Google Play para Android, o jogo gratuito é o mais descarregado, à frente de pesos pesados como o Google Maps, Snapchat, Instagram e Facebook. O sucesso levou os investidores a correrem às ações da Nintendo, que disparou mais de 20% no início da semana e já elevou em 11 mil milhões de dólares a capitalização bolsista da empresa.
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O jogo foi desenvolvido pela Niantic Inc e lançado apenas para os Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, mas a explosão deitou abaixo os servidores e obrigou a uma pausa nos planos. Jorge Vieira adianta que ainda não está confirmado o dia em que o jogo será disponibilizado em Portugal, mas refere que a Pokémon Company pretende lançá-lo em breve na Europa e na Ásia.
"Sentimos em Portugal que se trata de um dos lançamentos mais aguardados do ano por milhares de fãs de videojogos e este é, sem dúvida, um grande testemunho da força que a marca Pokémon revela não só no nosso país, como um pouco por todo o mundo", confirma. Certo é que, pelo Natal, chega um novo título do franchise, Pokémon "Sun and Moon."
Entretanto, começaram a correr versões do Pokémon Go em canais não oficiais e sites de partilha de ficheiros, o que significa que utilizadores fora daqueles três países podem fazer a instalação - pelo menos nos smartphones Android. É arriscado: a empresa de segurança ProofPoint encontrou uma versão não oficial do Pokémon Go com malware, pelo que esta opção não é aconselhada.
Mas os jogadores estão mais que dispostos a correrem riscos. Por estes dias, é quase impossível sair à rua nos EUA sem encontrar grupos de pessoas de smartphone em punho a andarem às voltas em bairros, passeios e parques. Procuram os pequenos bonecos, que se podem esconder atrás de uma porta ou no meio de um arbusto. Esta segunda-feira, o pier de Santa Mónica, em Los Angeles, foi invadido por jogadores à procura de um Pikachu e centenas de pessoas rapidamente se transformaram numa multidão, com "cruzadas" até às cinco da manhã. O jogo usa as coordenadas de GPS dos smartphones e leva-os a desbravar caminho até às "Poké Stops", onde podem encontrar o que procuram.
É por isso que as autoridades estão em alerta: o jogo é tão viciante que estão a disparar infrações, com pessoas que entram em propriedades privadas à procura de Pokémon e pessoas que caíram ou foram contra postes. No estado da Virgínia, o xerife do condado de Goochland relatou um pico de incidentes com indivíduos a entrarem em empresas, igrejas e propriedades governamentais a meio da noite, quando os locais estão encerrados ao público. Na Austrália, a polícia avisou que "eu estava a jogar Pokémon" não é uma defesa válida para entrar em propriedade privada, e na Nova Zelândia as autoridades alertaram as pessoas para não atravessarem a estrada com os olhos no smartphones.
Pior, no Missouri, quatro adolescentes foram presos depois de terem atraído jogadores para os roubarem, conseguindo cometer pelo menos dez assaltos. Em Wyoming, uma adolescente descobriu um cadáver a boiar num rio enquanto seguia as pistas pelo smartphone.
E nas redes sociais há um lastro de consequências indesejadas, desde empresas a avisarem os empregados estão ali para trabalhar, não para procurarem bonecos virtuais, a utilizadores que terminaram relacionamentos por causa da febre do jogo.
Mas há lados positivos. Muitos jogadores dizem que o título os tem encorajado a sair de casa e a andar, melhorando a sua condição física, e há testemunhos de que tem ajudado pessoas com depressão. É também um fôlego para a Nintendo, cujas vendas estão em declínio. Sendo um jogo gratuito, a gigante espera que a loucura para "apanhá-los a todos" (catch "em all) leve os utilizadores a gastarem dinheiro dentro da aplicação. E está provado que, com o franchise certo, a entrada no móvel é um enorme sucesso.