Escolher é a alma do negócio. Pelo menos para Pedro Barbosa, fundador da Wise Pirates (assim chamada por juntar saber, liberdade, experiência e irreverência), a empresa do digital que mais cresceu na Península Ibérica em 2020 e em 2021. "Há dois anos, éramos 30 pessoas, agora somos 120, temos crescido mais de 100%/ano", orgulha-se, ao falar a boutique digital que criou em 2017 e que começara a afirmar-se quando chegou a pandemia. A covid deu-lhe o impulso final rumo ao sucesso, porque adotou uma estratégia vencedora: vendo as empresas todas em dificuldades e tendo conseguido num fim de semana pôr toda a equipa a trabalhar em remoto quando veio o primeiro confinamento, decidiu oferecer os seus serviços por três meses a quem deles precisasse. Oferecer mesmo, sem cobrar nada a quem fez contratos com a Wise Pirates. Em três meses, triplicou a dimensão do negócio e muitos desses clientes se mantiveram depois já a pagar. "Foi muito mais difícil arranjar mão-de-obra do que clientes", recorda o empreendedor, reconhecendo que foi preciso capacidade de assumir riscos, com responsabilidade. São palavras que repete com frequência à mesa do café do Centro Cultural de Belém, onde interrompe a supervisão do evento da Salesforce, de que é sponsor, para comigo partilhar um café e a sua história..Futebolista "amadoríssimo", ciclista de paixão, praticante de surf e ski, quando era ainda um miúdo do Colégio Alemão jurava que ia ser jornalista e aos 14 anos até publicava: tinha uma página jovem no Comércio do Porto. O gosto pela escrita, nunca o perdeu - já escreveu livros, incluindo um romance a quatro mãos (Prometes?) e espalha apontamentos e notas pessoais até pelo que está a ler. Mas foi a Engenharia Industrial que lhe marcou o rumo universitário, ainda que tenha sido apenas ponto de partida para as muitas aventuras que viveu pelo mundo e nas suas múltiplas carreiras - como aluno, como professor e como empresário..Filho mais novo do sobrinho-neto do fundador da Âmbar (cujo nome é colhido de quem fez o negócio, Américo Barbosa), foi o próprio pai, pouco adepto do risco ("trabalhou na empresa da família toda a vida") a aconselhá-lo a mudar de águas e experimentar coisas novas. Essa mensagem havia de se lhe gravar no espírito, levando Pedro a deixar para trás uma década de Sonae e mais dez anos de El Corte Inglés e a tomar a decisão mais corajosa da sua vida: tornar-se empresário. "Era algo que sonhava fazer, mas quando me sentisse confortável, quando tivesse dinheiro suficiente... e então comecei a pensar que se esperasse pelo momento confortável, quando lá chegasse já não ia querer ter a minha empresa. Para arrancar no digital, tinha de ser naquele momento. Então dei o salto.".Tinha 45 anos, negociou a saída do ECI e levou duas pessoas com ele. Seis meses depois, nascia a Wise Pirates, sem clientes, sem preparação, sem nada. "Zero rede." Mas os primeiros três deram-lhe a preparação que faltava: rumou à Ásia, fez o Insead, reuniu-se com 80 startups em speed dating, experiência que já tivera também em Tel Aviv. E foi com máxima força e energia para a ação..A verdade é que Pedro gosta pouco de traçar planos e objetivos - "quero avançar enquanto faço caminho, sem ficar preso a planos. O que não é estar sem rumo, mas definir o ambiente que desejo e ir analisando as oportunidades que surgem, ir escolhendo". Essa ousadia, esse poder de analisar opções - a que Pedro junta o conforto de ter tido uma vida familiar e uma educação muito ricas, que lhe deram bagagem e preparação que muitos não têm, incluindo a fluência a inglês e alemão e a capacidade superior em espanhol e francês -, foi o que lhe permitiu recusar duas propostas que tinham tudo para lhe mudar a vida, mas talvez não no sentido que desejava.."Ainda estava na Sonae quando recebi uma proposta de futebolista para ir para uma empresa de shoppings no Dubai - a Sonae é uma referência mundial na área e vinha muito bem referenciado. Era um salário principesco, só a cláusula de saída era de 2 milhões, mas viver no Dubai não me atraía... Acho que tomei a decisão certa." Uns meses depois, era contactado pela Walmart para ir gerir operações na América Central e/ou do Sul. "Se tivesse ido, hoje não seria empresário. Fiz a minha escolha e não me arrependo de nada", garante. E o orgulho, o entusiasmo e o carinho com que fala da Wise Pirates comprova-o. "É um privilégio podermos escolher o que queremos fazer, mesmo sabendo que é uma grande responsabilidade termos 120 famílias a cargo. É essa a minha prioridade: a família, a minha lá de casa e a minha família da empresa. O que faço é para poder pô-los a viver melhor." E isso passa por uma gestão focada nos dois vetores que para as companhias apoiadas em capital de investidores só surgem depois da satisfação dos acionistas: os trabalhadores e os clientes. "Se ambos estiverem contentes, há resultados", assegura Pedro Barbosa..Esse foco nas pessoas tem-lhe permitido fixar talento mesmo neste tempo difícil: num ano de 2021 em que a maioria das empresas perdeu metade dos quadros, a perda da Wise Pirates foi de 11%; e neste momento soma apenas 4%, porque "as pessoas percebem que as lideranças estão focadas nelas". Como é que isso se materializa? Pedro diz que é monetizando o seu valor. E explica que isso passa por pagar acima do mercado (no Porto, onde vive, estando o salário de entrada nos mil euros líquidos), mas também garantir três a quatro aumentos por ano (ajustes trimestrais), premiando-os com ações. Tudo isto com base em antiguidade e meritocracia e coroado com perks que tornam melhor a vida profissional. Mas o que mais pesa para os seus e mesmo o investimento em formação, que construiu bebendo das melhores empresas do mundo, depois de conversar com os respetivos CEO. "A formação que damos a cada uma das nossas pessoas é equivalente a três salários por pessoa e por ano; isso permite-lhes evoluírem a uma velocidade que é três vezes a média do mercado.".A Wise Pirates não contrata por skills mas por atitude. "Queremos pessoas curiosas, com capacidade de esforço, humildade e que queiram evoluir. O resto ensina-se." Uma opção que espelha o percurso do fundador, que diz ter vindo parar à inovação digital por "acaso e por vontade", "fruto de vontade, curiosidade, experiências e oportunidades que foram surgindo" e que soube agarrar. Depois de fazer Engenharia Industrial no Minho, seguida de uma pós-graduação em Inovação Tecnológica, estava convencido que ia fazer uma carreira profissional e outra académica, que culminaria com um MBA daí a 15 anos. Acabou por fazer seis pós-graduações, além do MBA, que terminou de tal forma cansado que era capaz de jurar que nunca mais estudaria na vida. "Mas parar de estudar aos 37 anos era um problema, ia ficar totalmente desatualizado." Tinha acabado de se divorciar, dois filhos (hoje com 20 e 18 anos) trabalhava de dia e dava aulas de noite. E então decidiu inscrever-se no MIT para fazer uma formação por gosto. Tema? "Neurociências, que parecia não ter nada que ver com finanças, liderança, gestão, mas tinha tudo, porque é uma mistura de engenharia com medicina.".Fez o curso em remote e diz que foram seis meses tão incríveis que decidiu logo ali experimentar uma business school de topo a cada três ou quatro anos. "Já fiz em Oxford a primeira pós-graduação do mundo em blockchain; em Harvard mobile marketing, fiz o Insead em Singapura, o MIT e Kellogg. E estou à espera de conseguir entrar em Harvard numa pós-graduação em Humor." Pelo caminho, ia dando aulas - no IPAM, na Católica, na Portucalense, no Minho -, mantendo até hoje a docência na Porto Business School. E foi nas aulas que conheceu a segunda mulher, Juliana, que hoje trabalha com ele na Wise Pirates e com quem tem mais um filho de 7 anos e uma filha de 2. Diz que ao longo dos últimos anos foi conseguindo melhorar a ligação com os filhos, ganhar tempo que não tinha antes ao organizar a vida com mais inteligência, privilegiando o tempo de qualidade em família, seja a levar os mais pequenos à escola ou na temporada de neve anual em Andorra com os mais velhos..Peço-lhe que recue, que conte como começou a namorar com Juliana, 14 anos mais nova - ri-se e garante que não foi enquanto lhe dava aulas. "Ela era muito interventiva nas aulas e nessa altura eu fui de férias para a Austrália e deixei distribuídos trabalhos de grupo. O dela escolheu-a para porta-voz e isso obrigou-nos a falar à distância. Depois de acabarem as aulas, já estava de férias com os meus filhos e acabámos por manter algum contacto. E dois meses depois estávamos a namorar. Tinha algum receio de que não corresse bem, mas tem sido ótimo tê-la na empresa e na minha vida.".De resto, tem razões para se orgulhar. Bem antes do que esperava, conseguiu entrar para o Top 10 das digital boutiques da Europa. "Era um long term goal e fomos surpreendidos com isso, acho que tivemos alguma sorte com a curadoria de especialistas e jornalistas, que nos deram visibilidade; mas sinceramente, nem acho que estejamos mesmo nas 10 mais, ainda não estou onde quero estar." Para ganhar tração, reinveste tudo quanto a empresa faz em crescimento, em formação, em tecnologia de topo, que dá à Wise Pirates um lugar que não envergonha ao lado das melhores empresas de Amesterdão ou Nova Iorque. "Mas ainda é preciso andar e há coisas difíceis de conseguir", diz, elencando uma das maiores dificuldades: os "impostos desleais" que penalizam salários e roubam competitividade às empresas portuguesas..Nada que desmotive o homem que sugeriu e criou a presença online da Sonae nos anos 90, era apenas um estagiário no primeiro emprego, numa altura em que falar de sites era semelhante a ouvir hoje sobre o metaverso; e que praticamente obrigou Michael O"Leary a ouvir o que tinha para dizer, passando a noite no hotel do Porto em que descobriu que ele estava alojado e abordando-o com astúcia ao pequeno-almoço para o convencer a fazer uma parceria entre a Parque Nascente e a Ryanair..Por agora, tem as prioridades bem definidas e uma rota de futuro bastante simples: "Quero ter tempo. Para não olhar para trás um dia e ficar arrependido de não o ter tido. E isso passa por ir passando testemunho", reconhece. Ainda que tenha muito mais a dar à Wise Pirates.
Escolher é a alma do negócio. Pelo menos para Pedro Barbosa, fundador da Wise Pirates (assim chamada por juntar saber, liberdade, experiência e irreverência), a empresa do digital que mais cresceu na Península Ibérica em 2020 e em 2021. "Há dois anos, éramos 30 pessoas, agora somos 120, temos crescido mais de 100%/ano", orgulha-se, ao falar a boutique digital que criou em 2017 e que começara a afirmar-se quando chegou a pandemia. A covid deu-lhe o impulso final rumo ao sucesso, porque adotou uma estratégia vencedora: vendo as empresas todas em dificuldades e tendo conseguido num fim de semana pôr toda a equipa a trabalhar em remoto quando veio o primeiro confinamento, decidiu oferecer os seus serviços por três meses a quem deles precisasse. Oferecer mesmo, sem cobrar nada a quem fez contratos com a Wise Pirates. Em três meses, triplicou a dimensão do negócio e muitos desses clientes se mantiveram depois já a pagar. "Foi muito mais difícil arranjar mão-de-obra do que clientes", recorda o empreendedor, reconhecendo que foi preciso capacidade de assumir riscos, com responsabilidade. São palavras que repete com frequência à mesa do café do Centro Cultural de Belém, onde interrompe a supervisão do evento da Salesforce, de que é sponsor, para comigo partilhar um café e a sua história..Futebolista "amadoríssimo", ciclista de paixão, praticante de surf e ski, quando era ainda um miúdo do Colégio Alemão jurava que ia ser jornalista e aos 14 anos até publicava: tinha uma página jovem no Comércio do Porto. O gosto pela escrita, nunca o perdeu - já escreveu livros, incluindo um romance a quatro mãos (Prometes?) e espalha apontamentos e notas pessoais até pelo que está a ler. Mas foi a Engenharia Industrial que lhe marcou o rumo universitário, ainda que tenha sido apenas ponto de partida para as muitas aventuras que viveu pelo mundo e nas suas múltiplas carreiras - como aluno, como professor e como empresário..Filho mais novo do sobrinho-neto do fundador da Âmbar (cujo nome é colhido de quem fez o negócio, Américo Barbosa), foi o próprio pai, pouco adepto do risco ("trabalhou na empresa da família toda a vida") a aconselhá-lo a mudar de águas e experimentar coisas novas. Essa mensagem havia de se lhe gravar no espírito, levando Pedro a deixar para trás uma década de Sonae e mais dez anos de El Corte Inglés e a tomar a decisão mais corajosa da sua vida: tornar-se empresário. "Era algo que sonhava fazer, mas quando me sentisse confortável, quando tivesse dinheiro suficiente... e então comecei a pensar que se esperasse pelo momento confortável, quando lá chegasse já não ia querer ter a minha empresa. Para arrancar no digital, tinha de ser naquele momento. Então dei o salto.".Tinha 45 anos, negociou a saída do ECI e levou duas pessoas com ele. Seis meses depois, nascia a Wise Pirates, sem clientes, sem preparação, sem nada. "Zero rede." Mas os primeiros três deram-lhe a preparação que faltava: rumou à Ásia, fez o Insead, reuniu-se com 80 startups em speed dating, experiência que já tivera também em Tel Aviv. E foi com máxima força e energia para a ação..A verdade é que Pedro gosta pouco de traçar planos e objetivos - "quero avançar enquanto faço caminho, sem ficar preso a planos. O que não é estar sem rumo, mas definir o ambiente que desejo e ir analisando as oportunidades que surgem, ir escolhendo". Essa ousadia, esse poder de analisar opções - a que Pedro junta o conforto de ter tido uma vida familiar e uma educação muito ricas, que lhe deram bagagem e preparação que muitos não têm, incluindo a fluência a inglês e alemão e a capacidade superior em espanhol e francês -, foi o que lhe permitiu recusar duas propostas que tinham tudo para lhe mudar a vida, mas talvez não no sentido que desejava.."Ainda estava na Sonae quando recebi uma proposta de futebolista para ir para uma empresa de shoppings no Dubai - a Sonae é uma referência mundial na área e vinha muito bem referenciado. Era um salário principesco, só a cláusula de saída era de 2 milhões, mas viver no Dubai não me atraía... Acho que tomei a decisão certa." Uns meses depois, era contactado pela Walmart para ir gerir operações na América Central e/ou do Sul. "Se tivesse ido, hoje não seria empresário. Fiz a minha escolha e não me arrependo de nada", garante. E o orgulho, o entusiasmo e o carinho com que fala da Wise Pirates comprova-o. "É um privilégio podermos escolher o que queremos fazer, mesmo sabendo que é uma grande responsabilidade termos 120 famílias a cargo. É essa a minha prioridade: a família, a minha lá de casa e a minha família da empresa. O que faço é para poder pô-los a viver melhor." E isso passa por uma gestão focada nos dois vetores que para as companhias apoiadas em capital de investidores só surgem depois da satisfação dos acionistas: os trabalhadores e os clientes. "Se ambos estiverem contentes, há resultados", assegura Pedro Barbosa..Esse foco nas pessoas tem-lhe permitido fixar talento mesmo neste tempo difícil: num ano de 2021 em que a maioria das empresas perdeu metade dos quadros, a perda da Wise Pirates foi de 11%; e neste momento soma apenas 4%, porque "as pessoas percebem que as lideranças estão focadas nelas". Como é que isso se materializa? Pedro diz que é monetizando o seu valor. E explica que isso passa por pagar acima do mercado (no Porto, onde vive, estando o salário de entrada nos mil euros líquidos), mas também garantir três a quatro aumentos por ano (ajustes trimestrais), premiando-os com ações. Tudo isto com base em antiguidade e meritocracia e coroado com perks que tornam melhor a vida profissional. Mas o que mais pesa para os seus e mesmo o investimento em formação, que construiu bebendo das melhores empresas do mundo, depois de conversar com os respetivos CEO. "A formação que damos a cada uma das nossas pessoas é equivalente a três salários por pessoa e por ano; isso permite-lhes evoluírem a uma velocidade que é três vezes a média do mercado.".A Wise Pirates não contrata por skills mas por atitude. "Queremos pessoas curiosas, com capacidade de esforço, humildade e que queiram evoluir. O resto ensina-se." Uma opção que espelha o percurso do fundador, que diz ter vindo parar à inovação digital por "acaso e por vontade", "fruto de vontade, curiosidade, experiências e oportunidades que foram surgindo" e que soube agarrar. Depois de fazer Engenharia Industrial no Minho, seguida de uma pós-graduação em Inovação Tecnológica, estava convencido que ia fazer uma carreira profissional e outra académica, que culminaria com um MBA daí a 15 anos. Acabou por fazer seis pós-graduações, além do MBA, que terminou de tal forma cansado que era capaz de jurar que nunca mais estudaria na vida. "Mas parar de estudar aos 37 anos era um problema, ia ficar totalmente desatualizado." Tinha acabado de se divorciar, dois filhos (hoje com 20 e 18 anos) trabalhava de dia e dava aulas de noite. E então decidiu inscrever-se no MIT para fazer uma formação por gosto. Tema? "Neurociências, que parecia não ter nada que ver com finanças, liderança, gestão, mas tinha tudo, porque é uma mistura de engenharia com medicina.".Fez o curso em remote e diz que foram seis meses tão incríveis que decidiu logo ali experimentar uma business school de topo a cada três ou quatro anos. "Já fiz em Oxford a primeira pós-graduação do mundo em blockchain; em Harvard mobile marketing, fiz o Insead em Singapura, o MIT e Kellogg. E estou à espera de conseguir entrar em Harvard numa pós-graduação em Humor." Pelo caminho, ia dando aulas - no IPAM, na Católica, na Portucalense, no Minho -, mantendo até hoje a docência na Porto Business School. E foi nas aulas que conheceu a segunda mulher, Juliana, que hoje trabalha com ele na Wise Pirates e com quem tem mais um filho de 7 anos e uma filha de 2. Diz que ao longo dos últimos anos foi conseguindo melhorar a ligação com os filhos, ganhar tempo que não tinha antes ao organizar a vida com mais inteligência, privilegiando o tempo de qualidade em família, seja a levar os mais pequenos à escola ou na temporada de neve anual em Andorra com os mais velhos..Peço-lhe que recue, que conte como começou a namorar com Juliana, 14 anos mais nova - ri-se e garante que não foi enquanto lhe dava aulas. "Ela era muito interventiva nas aulas e nessa altura eu fui de férias para a Austrália e deixei distribuídos trabalhos de grupo. O dela escolheu-a para porta-voz e isso obrigou-nos a falar à distância. Depois de acabarem as aulas, já estava de férias com os meus filhos e acabámos por manter algum contacto. E dois meses depois estávamos a namorar. Tinha algum receio de que não corresse bem, mas tem sido ótimo tê-la na empresa e na minha vida.".De resto, tem razões para se orgulhar. Bem antes do que esperava, conseguiu entrar para o Top 10 das digital boutiques da Europa. "Era um long term goal e fomos surpreendidos com isso, acho que tivemos alguma sorte com a curadoria de especialistas e jornalistas, que nos deram visibilidade; mas sinceramente, nem acho que estejamos mesmo nas 10 mais, ainda não estou onde quero estar." Para ganhar tração, reinveste tudo quanto a empresa faz em crescimento, em formação, em tecnologia de topo, que dá à Wise Pirates um lugar que não envergonha ao lado das melhores empresas de Amesterdão ou Nova Iorque. "Mas ainda é preciso andar e há coisas difíceis de conseguir", diz, elencando uma das maiores dificuldades: os "impostos desleais" que penalizam salários e roubam competitividade às empresas portuguesas..Nada que desmotive o homem que sugeriu e criou a presença online da Sonae nos anos 90, era apenas um estagiário no primeiro emprego, numa altura em que falar de sites era semelhante a ouvir hoje sobre o metaverso; e que praticamente obrigou Michael O"Leary a ouvir o que tinha para dizer, passando a noite no hotel do Porto em que descobriu que ele estava alojado e abordando-o com astúcia ao pequeno-almoço para o convencer a fazer uma parceria entre a Parque Nascente e a Ryanair..Por agora, tem as prioridades bem definidas e uma rota de futuro bastante simples: "Quero ter tempo. Para não olhar para trás um dia e ficar arrependido de não o ter tido. E isso passa por ir passando testemunho", reconhece. Ainda que tenha muito mais a dar à Wise Pirates.