Papa Francisco renova apelo à rejeição do aborto na missa de Ano Novo
O Papa Francisco fez esta quarta-feira um apelo renovado aos fiéis para que rejeitem o aborto, durante a missa de Ano Novo, pedindo um "firme compromisso" na proteção da vida desde a conceção até à morte natural.
Na missa dedicada a Maria, mãe de Jesus, o Papa pediu um "compromisso firme" com o respeito pela dignidade da vida humana, "desde a conceção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua própria vida e olhar para o futuro com esperança".
"Aprendamos a cuidar de cada criatura nascida da mulher, protegendo sobretudo o precioso dom da vida, como fez Maria", exortou Francisco, de 88 anos, na missa de Ano Novo na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O Papa insistiu em proteger "a vida no ventre, a vida das crianças, a vida dos que sofrem, a vida dos pobres, a vida dos idosos, dos que estão sozinhos, dos moribundos".
Nos últimos anos, o jesuíta argentino tem falado mais enfaticamente sobre o aborto do que no início de seu pontificado. Já considerou que procurar alguém que faça um aborto é como contratar um assassino.
Recentemente, Francisco provocou indignação na Bélgica quando criticou a sua lei do aborto, a classificou como "homicida" e elogiou o Rei Balduíno que abdicou por um dia, em 1992, para não aprovar a legislação que legalizava o aborto. O Vaticano anunciou recentemente que está em curso o processo de beatificação de Balduíno, que morreu em 1993.
Na terça-feira, naquela que foi a última missa de 2024, o papa Francisco apelou à fraternidade como base para a esperança no mundo. Jorge Bergoglio perguntou se a esperança numa humanidade fraterna era apenas um "'slogan' retórico ou tem uma base sólida sobre a qual construir algo estável e duradouro".
Na missa de Ano Novo, o Papa Francisco pediu ainda aos países de tradição cristã que cancelem ou reduzam as dívidas dos países mais pobres.
Francisco aproveitou a oração do Angelus para o Ano Novo, que coincide com o Dia Mundial da Paz, para fazer este apelo a favor dos países mais pobres.
"Encorajo os governos dos países de tradição cristã a darem o bom exemplo, anulando ou reduzindo ao máximo a dívida dos países mais pobres", apelou Francisco, a partir do Palácio Apostólico, aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O Papa insistiu na questão do cancelamento da dívida como parte do Jubileu, uma festa a ser celebrada em 2025, na qual a Igreja concede indulgências ou o perdão dos pecados.
Por isso, apelou a "traduzir este perdão a nível social, para que nenhuma pessoa, nenhuma família e nenhum povo" sejam marcados pelo peso da dívida.
Na perspetiva do Dia Mundial da Paz, Francisco agradeceu também "todas as iniciativas de oração pela paz".
O Papa aludiu ainda às guerras existentes no mundo e reiterou a necessidade de lhes pôr termo.
"Expresso o meu sincero agradecimento a todos os que trabalham para o diálogo e as negociações nas muitas áreas de conflito" em todo o mundo. "Rezamos pelo fim dos combates em todas as frentes e por uma concentração definitiva na paz e na reconciliação", acrescentou.
Como é habitual, o Papa voltou a referir-se a locais em conflito, como a Ucrânia, Gaza, Israel, Myanmar e tantos outros povos em guerra.
"Vi imagens e fotografias da destruição que a guerra provoca. A guerra destrói sempre, é sempre uma derrota, sempre", concluiu.