O processo separado da Operação Marquês, no qual o antigo primeiro-ministro José Sócrates é arguido, foi distribuído, por sorteio, a um juiz que foi chefe de gabinete em governos PS, mas para já o processo fica nas mãos de outro juiz.Em resposta por escrito à Lusa, o Conselho Superior da Magistratura (CSM) confirma que o processo "foi distribuído por sorteio eletrónico, no dia 28 de julho", ao juiz 18 do Tribunal Central Criminal de Lisboa, cujo titular é o juiz Vítor Teixeira.Segundo vários despachos publicados em Diário da República, Vítor Teixeira, de 48 anos, foi entre 15 de janeiro de 2021 e 29 de março de 2022 chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Mário Belo Morgado, e, entre 05 de abril de 2022 e março de 2024, do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro..Operação Marquês: Relação nega pedido de Sócrates para afastar juíza e multa-o em 1000 euros. Os dois executivos foram chefiados por António Costa, do PS, o partido a que José Sócrates pertencia quando foi primeiro-ministro (2005-2011) e do qual José Luís Carneiro é o atual secretário-geral.Questionado se, atendendo a esta circunstância, Vítor Teixeira pediu para sair do processo ou se o seu afastamento foi requerido por algum interveniente, o CSM esclarece que "o juiz ainda não teve contacto com o processo nem proferiu qualquer despacho no âmbito do mesmo"."Tratando-se de um processo de caráter urgente, será presente ao juiz de turno [que assegura a tramitação dos processos em férias], que não tem competência para se pronunciar sobre eventuais incidentes de escusa ou recusa quanto ao juiz titular do processo", acrescenta o órgão de gestão dos magistrados judiciais..Operação Marquês. José Sócrates garante em tribunal: “Nunca recebi dinheiro do meu primo”. O CSM, que autorizou que os cargos de chefe de gabinete fossem exercidos por Vítor Teixeira em comissão de serviço, sublinha ainda que, "nos termos da Constituição e da lei, os juízes exercem a sua função com independência, imparcialidade e isenção, não estando sujeitos a orientações externas de qualquer natureza".A informação de que o processo tinha sido distribuído ao juiz em causa foi avançada na quarta-feira pelo Correio da Manhã.Em 11 de junho, o Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu mandar julgar José Sócrates e o empresário Carlos Santos Silva por três crimes de branqueamento de capitais..Operação Marquês. Demora do caso "mostra quase com evidência como as leis são más". Na leitura da decisão instrutória, a juíza entendeu que, por estarem em causa crimes alegadamente praticados em coautoria com arguidos que estão no processo principal da Operação Marquês, os dois casos deveriam ser anexados.O julgamento do processo principal, no qual José Sócrates e Carlos Santos Silva são dois dos 21 arguidos, começou em 03 de julho, no Tribunal Central Criminal de Lisboa.Os arguidos têm negado, em geral, a prática de qualquer crime.