Os trabalhos foram interrompidos para almoço. A sessão será retomada a partir das 14h30, por decisão da juiz..Vítor Escária, assessor económico do Governo de José Sócrates à data, fazia considerações sobre a relevância de eventuais projetos públicos. Interrogado sobre o processo de avaliação dos projetos referentes ao concurso que tinha em vista a construção de habitação em território venezuelano, Sócrates esclareceu que Escária “tinha autonomia para dizer que um projeto de 20 milhões era importante, se fosse de 20 mil era menos importante”, exemplificou.Sobre dinâmicas de gabinete, “o pivô de tudo isto chamava-se secretário de Estado do Comércio”, de acordo com o ex-primeiro ministro.Questionado sobre se, na construção daquelas casas, se trata somente de construção civil ou houve uma componente tecnológica envolvida, José Sócrates esclareceu que “não tinha conhecimento dos aspetos de detalhe”, a este respeito.“O acordo com a Venezuela era um dos mais vantajosos para o nosso país”, garantiu..O antigo líder de governo continua a ser confrontado novamente com a ideia do eventual benefício ao Grupo Lena. Neste âmbito, sublinhou que os acordos estabelecidos beneficiavam as várias empresas envolvidas (não apenas a Lena).Nesta medida, estava em causa, “trabalho governativo ao serviço de uma diplomacia económica”, sublinhou, em novo momento de exaltação..O magistrado do Ministério Público questionou o antigo primeiro ministro sobre a eventualidade de ter recebido "pagamentos" para beneficiar o Grupo Lena no concurso da construção de habitação na Venezuela. A juiz Susana Seca mostrou ceticismo, lembrando que a perguntas do MP não devem servir "para desmentir o arguido" e sim para auxiliar "o tribunal".José Sócrates, por seu turno, ficou visivelmente irritado. “Não meti dinheiro nenhum ao bolso”, respondeu. “Às vezes, julgamos os outros à nossa medida”, atirou ainda, em resposta ao magistrado, tendo sido chamado à atenção pela juiz.De seguida, a viagem de José Sócrates à Venezuela em maio de 2018 tomou conta da sessão. Na altura, foi estabelecido um acordo que envolvia a importação de petróleo venezuelano. Ora, a Galp comprava aquele produto e depositava o dinheiro em causa da Caixa Geral de Depósitos.Ora, de acordo com a acusação do Ministério Público, Sócrates beneficiou o Grupo Lena, que terá ajudado a conseguir contratos de obras públicas.O ex-primeiro ministro refutou as acusações e assegurou que o negócio foi favorável para a economia portuguesa. “A empresa Lena não teve um tratamento especial, teve o mesmo tratamento de todas as outras empresas”, assinalou José Sócrates..A audiência da Operação Marquês desta quinta-feira, dia 4 de setembro, começou com o tema da ligação entre José Sócrates e o jurista Pedro Leite Alves, a propósito do concurso para a construção do TGV. O antigo chefe de Governo deixou a garantia de que não tem "memória de ter citado o doutor Pedro Leite Alves”."Nunca [o] conheci pessoalmente”, salientou ainda.Na sequência, questionado sobre a alegada existência de pressão no âmbito do concurso, "não houve a mais ténue intervenção politica”, de acordo com José Sócrates..Sócrates acusa MP de “pornografia” por querer ouvir escutas sobre Angola e não só.Breve história do Processo Marquês escrita no dia em que faz 10 anos