OMS revela que a estirpe H5N1 da gripe das aves foi encontrada em leite cru
A estirpe do vírus da gripe aviária H5N1 foi detetada em concentrações muito altas no leite cru de animais infetados, informou esta sexta-feira a Organização Mundial de Saúde, embora não se saiba por quanto tempo o vírus pode sobreviver no leite.
A gripe aviária A (H5N1) surgiu pela primeira vez em 1996, mas desde 2020 o número de surtos em aves cresceu exponencialmente, juntamente com um aumento no número de mamíferos infetados.
A estirpe levou à morte de dezenas de milhões de aves de capoeira, com aves selvagens e mamíferos terrestres e marinhos também infetados.
Vacas e cabras juntaram-se à lista no mês passado – um desenvolvimento surpreendente para os especialistas porque não se pensava que fossem suscetíveis a este tipo de gripe.
As autoridades dos EUA disseram no início deste mês que uma pessoa que trabalhava numa exploração leiteira no Texas estava a recuperar de uma gripe aviária depois de ter sido exposta ao gado.
“O caso no Texas é o primeiro caso de um ser humano infetado com gripe aviária por uma vaca”, disse Wenqing Zhang, diretora do programa global para a gripe da Organização Mundial da Saúde.
“A transmissão de ave para vaca, de vaca para vaca e de vaca para ave também foi registada durante os surtos atuais, o que sugere que o vírus pode ter encontrado outras rotas de transição além das que entendíamos anteriormente”, acrescentou Zhang, numa conferência de imprensa em Genebra.
O caso do Texas foi apenas o segundo de um humano com teste positivo para gripe das aves nos Estados Unidos e ocorreu depois de o vírus ter-se espalhado por rebanhos que aparentemente estavam expostos a aves selvagens.
“Agora vemos vários rebanhos de vacas afetados num número crescente de estados dos EUA, o que mostra mais um passo na disseminação do vírus para os mamíferos”, disse Zhang.
“O vírus também foi detectado no leite de animais infectados”. Zhang disse que havia uma “concentração muito alta do vírus no leite cru”, mas os especialistas ainda estão a investigar exatamente quanto tempo o vírus é capaz de sobreviver no leite.
O departamento de saúde do Texas sublinhou que as infeções no gado não representam uma preocupação para o fornecimento comercial de leite, uma vez que as fábricas de lacticínios são obrigadas a destruir o leite das vacas doentes. Além disso, a pasteurização também mata o vírus. “É importante que as pessoas garantam práticas alimentares seguras, incluindo o consumo apenas de leite pasteurizado e produtos lácteos”, alertouZhang.
Casos humanos recentes "leves"
Desde 2003 até 1 de abril deste ano, a OMS afirmou ter registado 463 mortes resultantes de 889 casos humanos em 23 países, colocando a taxa de letalidade em 52 por cento.
Zhang observou que os casos humanos registados na Europa e nos Estados Unidos nos últimos anos – desde o surgimento do vírus – foram casos leves.
Até agora, não há evidências de que o A(H5N1) esteja a espalhar-se entre humanos.
A dirigente da OMS enfatizou que os vírus A(H5N1) identificados em vacas e no caso humano no Texas não mostraram maior adaptação aos mamíferos.
Quanto às vacinas potenciais, se necessárias, Zhang disse que há algumas em preparação.
“Ter os vírus candidatos a vacinas prontos permite-nos estar preparados para produzir rapidamente vacinas para humanos, se isso for necessário”, disse. “Para este vírus H5N1 específico, detetado em vacas leiteiras, existem alguns vírus candidatos a vacina disponíveis.”
No caso de uma pandemia, existem cerca de 20 vacinas contra a gripe licenciadas para uso pandémico e podem ser adaptadas à estirpe específica do vírus em circulação, acrescentou.