"Obrigada pela companhia e pelo trabalho que ides fazer"
Este é um daqueles raros momentos em que o jornalista não esconde a simpatia pelo evento que está a cobrir, neste caso a igreja católica e o Papa, ao contrário das coberturas de acontecimentos políticos e desportivos, por exemplo. Trazem-lhe presentes, Rosa Ramos do JN entrega a primeira página do dia do nascimento de Francisco, 17 de dezembro de 1936. Livros, cartas pessoais e de familiares, canecas, fotografias da família, desenhos dos filhos, não faltando uma selfie para o DN.
O papa jesuíta retribui com uma bênção, uma palavra, um sorriso, embora demonstre sinais de cansaço, dá um ou outro autógrafo. Alguns dizem-lhe que é a primeira vez que estão num voo papal. Também para ele é a primeira vez que vem a Fátima.
Máquinas de filmar posicionadas, de fotografar, também os telemóveis. Percebe que a jornalista brasileira Anna Elza Ferreira, da Redevida TV, está grávida, demora-se mais um pouco a falar com ela. Sendo apresentado a cada um pelo assessor de imprensa, da Sala Stampa, que tem todos os nomes memorizados.
O gesto de cumprimentar todos é uma particularidade deste papado, já que, com Bento XVI e João Paulo II eram os jornalistas se deslocavam à frente do avião para o cumprimentar.
"Esta viagem é algo especial, de oração, de encontro com o senhor, com a Santa Maria de Deus. Obrigado pela companhia e vamos em frente", assim terminou a pequena saudação.
No regresso a Itália é que haverá uma conferência de imprensa em pleno ar, com os portugueses têm direito a duas perguntas, com esperança que possam ser mais.
Antes de chegar a esta zona do avião, a terceira separada por cortinas, cumprimentou os 35 membros da comitiva com que viaja, todos eles com um emblema de Portugal e Fátima na lapela.
Muito se especulou sobre este voo, que eventualmente seria desviado para Lisboa devido ao mau tempo - o plano B -, também que seria antecipado, mas tudo decorreu como o previsto, check in duas horas antes da partida e com os balcões de atendimento com o número do voo e a cidade, Leiria, inédito na aviação não militar. E que os defensores da abertura da Base Aérea aos voos comerciais teriam adorado.
Entrada no avião uma hora antes da partida, com os jornalistas rapidamente a tentarem posicionar-se no melhor lugar com vista para o Papa, com as televisões à frente. Alguns, poucos, têm lugar marcado, voo a que se juntou o Papa, dez minutos antes da descolagem, passavam dez minutos das 13:00, horas de Portugal. Cinquenta minutos depois estava a cumprimentar todos, o que demorou uns 20 minutos no total.
Os jornalistas receberam previamente a documentação dos primeiros discursos do Papa, também as mensagens dos telegramas que envia aos responsáveis máximos dos países por onde o avião sobrevoa: Itália, França e Espanha, com as advertências sobre os embargos.
Um voo com tratamento VIP, da Alitalia, com a entrega de uma bebida e frutos ainda em terra, depois uma bolsa com produtos de higiene Serviu-se, depois, uma refeição ligeira: queijos, presunto, fruta e doce. O Papa terá almoçado ainda na sua habitação, na Casa de Santa Marta, no Vaticano, uma vez que chegou ao avião mesmo antes de descolar. Para aterrar na Base Aérea de Monte Real por volta das 16:10.