A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) considerou esta segunda-feira, 11 de agosto, que o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) à lei dos estrangeiros é uma vitória dos princípios humanistas e salientou que esta é uma oportunidade para o Governo repensar.“Eu diria que é [uma vitória] dos princípios humanistas que dão forma à Constituição e que sempre deram forma às nossas leis, que fizeram com que as nossas leis fossem consideradas uma das melhores do mundo e, portanto, creio que é uma vitória dos princípios humanistas que temos”, afirmou à agência Lusa a diretora da OCPM, Eugénia Quaresma.O TC anunciou na sexta-feira o chumbo de cinco normas do decreto do parlamento que aprova o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional.Entre as normas chumbadas, estão várias relativas ao reagrupamento familiar, designadamente a que prevê que cidadãos estrangeiros com autorização de residência válida e que residem legalmente em Portugal têm direito ao reagrupamento familiar apenas com membros da sua família menores de idade, desde que estes tenham entrado legalmente em Portugal e residam no país.Após o anúncio do TC, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que pedira a fiscalização preventiva de algumas das normas, vetou o decreto, que será agora devolvido ao parlamento para que sejam expurgadas as normas que violam a lei fundamental.Para Eugénia Quaresma, esta é uma oportunidade para o Governo “repensar, redigir de uma forma mais concertada”.“Temos vindo a afirmar que é importante que os partidos políticos se sentem à mesa e que conversem sobre este assunto, porque é importante regular e é importante ser humanista”, sustentou, assinalando que o país tem essa “tradição e é importante não a perder”.Para a diretora da OCPM, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa criado em 1962, “aquilo que é necessário é a aplicação de uma boa lei”.“Espero que esse diálogo tenha lugar e que, de facto, a lei venha um bocadinho mais equilibrada, um bocadinho mais realista também, sem perder o horizonte da regulação, mas que respeite quem cá está e quem trabalha e quem já contribui”, adiantou.O decreto foi aprovado em 16 de julho na Assembleia da República, com os votos favoráveis de PSD, Chega e CDS-PP, abstenção da IL e votos contra de PS, Livre, PCP, BE, PAN e JPP.O diploma foi criticado por quase todos os partidos, com exceção de PSD, Chega e CDS-PP, com vários a considerarem-no inconstitucional e a criticarem a forma como o processo legislativo decorreu, sem ouvir associações de imigrantes ou constitucionalistas e com a ausência de pareces obrigatórios.Em 21 de julho, O Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (Forcim) pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para que sujeitasse as alterações à lei de estrangeiros ao TC e lamentou que o tema esteja “refém de ideologias políticas”.Após uma audiência na Presidência da República, Eugénia Quaresma, também coordenadora do Forcim, disse que a comitiva foi recebida pela chefe da Casa Civil, obtendo a “garantia de que vão fazer chegar todas as posições ao senhor Presidente”, principalmente a questão do reagrupamento familiar e as limitações aos recursos judiciais.“Uma das nossas preocupações foi o modo como o processo foi gerido. Nós não negamos a necessidade de regular as migrações, só achamos que este assunto não pode estar refém de ideologias políticas e tem de haver aqui um consenso em torno de princípios”, afirmou na ocasião Eugénia Quaresma..TC declara que mudanças na lei da imigração são inconstitucionais. Presidente vetou de seguida.André Ventura anuncia concentração contra veto à Lei dos Estrangeiros junto ao Palácio de Belém