E se o vinho do Porto, ao contrário do que tem sido transmitido de geração em geração, não servir apenas para acompanhar uma sobremesa doce? E se não for, já agora, algo guardado quase a sete chaves, para sair dessa condição quase secreta apenas em datas especiais, como o Natal ou a Páscoa? Desconstruir velhos mitos como estes, ainda existentes nas famílias mas também na restauração, é o objetivo da iniciativa As Estrelas dos Chefes com Porto, que o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) tem vindo a promover em restaurantes com estrela Michelin, em Lisboa e Porto. A ideia, como nos diz Paulo Russell-Pinto, membro da câmara dos provadores do IVDP, “é reforçar o posicionamento do Vinho do Porto junto de consumidores do segmento premium, complementando as sinergias da cozinha das estrelas com vinhos premium da Região Demarcada do Douro.”.O chef alemão Joachim Koerper foi desafiado a propor pratos que cumprissem o propósito de mostrar que o Porto vai bem com quase tudo..Na edição deste ano, o primeiro restaurante a participar na iniciativa foi o Eleven, em Lisboa, com o chef alemão Joachim Koerper a combinar sabores próprios do Outono exclusivamente com vinhos do Porto..Os vinhos servidos à refeição..A entrada, salada de perdiz e cogumelos silvestres, veio com o Prime's Porto Branco Seco..Seguiu-se o prato principal, um Risotto de Bacalhau, em que o vinho do Porto foi mesmo usado na confecção, acompanhado, no copo, por um Maynard's Porto Late Bottled Vintage 2017..Na hora das sobremesas, o Cálem Porto Tawny 20 Anos veio com as Texturas de marmelo e laranja e o Dalva Porto Vintage 1997 com o designado “O Nosso Cacau”..Salada de perdiz e cogumelos silvestres..Risotto de bacalhau..O Nosso Cacau..Texturas de marmelo e laranja..Neste jantar, a seleção de vinhos pertenceu ao IVDP, tendo o chef alemão Joachim Koerper sido desafiado a propor pratos que cumprissem o propósito de mostrar que o Porto vai bem com quase tudo. “Uma tarefa que – disse o titular da cozinha do Eleven – foi facilitada pelo facto de os produtos sazonais do Outono casarem especialmente bem com estes vinhos do Porto.”.A importância de dar a conhecer outras possibilidades destes vinhos, aliás muito diversos entre si, é sublinhada por Paulo Russell-Pinto: “Importa, antes de mais, afinarmos a nossa informação sobre os vinhos do Porto, que continua a basear-se em ideias feitas, não só em Portugal, como noutros países que são nossos mercados tradicionais.” E Paulo recorda, a propósito, um evento em Inglaterra, em que alguém terá dito que o vinho do Porto “cheirava a Natal.”.No entanto, afirma, não há uma data melhor do que outra para beber estes vinhos. Nem uma situação específica. “É muito interessante percebermos como os vinhos do Porto funcionam tão bem em combinações que nem sequer imaginaríamos, como esta de servir um prato de perdiz acompanhado por um vinho branco, conferindo-lhe uma frescura que o prato, só por si, não tem.”.Outra ideia a reter é que o vinho do Porto ganha em ser guardado no frigorífico e ser servido fresco. O IVDP recomenda, aliás, que se as refeições forem leves, à base de saladas ou peixes gordos grelhados como o salmão, o Porto Branco será uma excelente escolha. Este vinho combina ainda com sopas à base de natas. Se as entradas incluírem queijos fortes ou patés, os Tawnies 10 anos refrescados devem ser escolhidos, assim como se os frutos secos, como as nozes, também fizerem parte do prato. Nos assados e bifes com molhos intensos com pimentas ou algumas especiarias, o LVB é opção ideal para o acompanhamento, equilibrando a intensidade de sabores..Depois do jantar no Eleven, as Estrelas do Chefes com Porto continuaram no lisboeta Kabuki, onde o Chefe Sebastião Coutinho propôs um Ferreira Porto Branco Seco para acompanhar o Usuzukuri Peixe Branco “À Bulhão Pato”. Já o prato principal, Guindara no Miso, Bacalhau Curado em Miso, com cebola caramelizada em Porto Ruby e kimizu, fez as honras da refeição com um Royal Oporto Porto Late Bottled Vintage 2015. Para a despedida, o Quinta da Devesa Porto Branco 20 Anos combinou com o Mochi Pastel de Nata e o Vista Alegre Porto Vintage 1999 com o Mochi Chocolate e Castanha. No Porto, o jantar realizou-se no Pedro Lemos, do chefe que dá nome ao restaurante..Para o Presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, “esta iniciativa reforça a importância para a promoção da Região Demarcada do Douro e da Denominação de Origem Protegida Porto, posicionando-a nos mais premiados e distinguidos restaurantes do mundo, sendo o seu valor reconhecido e apreciado de forma tão exuberante e ampla”.