Navio Mondego falha missão na Madeira por motivos técnicos
Trata-se do mesmo navio em que um grupo de 13 militares se recusou a embarcar, alegando falta de condições de segurança.
O navio da Marinha portuguesa 'Mondego', envolvido numa polémica por 13 militares terem recusado cumprir uma missão, teve de abortar uma missão nas Ilhas Selvagens, na Madeira, por motivos de "ordem técnica", foi esta terça-feira divulgado.
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"O NRP [Navio da República Portuguesa] 'Mondego' largou ontem [segunda-feira], pelas 22:20 horas, do porto do Funchal por forma a efetuar a rendição dos agentes da Polícia Marítima e de elementos do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza nas Ilhas Selvagens, tendo, por motivos de ordem técnica, regressado, ao inicio da manhã de hoje, ao porto do Caniçal, em segurança", avançou o Comando da Marinha da Zona Marítima da Madeira, em comunicado.
A informação adianta que o navio "será objeto, ainda hoje, de uma inspeção técnica por parte de peritos da direção de Navios, que se deslocarão à ilha da Madeira".
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Segundo a mesma autoridade, a rendição dos elementos destacados nas Ilhas Selvagens será assegurada hoje pelo navio 'Setúbal'.
No passado dia 11 de março, o NRP Mondego falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, após 13 militares terem recusado embarcar, alegando razões de segurança.
A Marinha participou o sucedido à Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no âmbito de inquérito criminal, tendo também instaurado processos disciplinares.
Segundo a defesa dos militares, o Ministério Público suspendeu na segunda-feira a audição agendada por decisão da procuradora para analisar o processo com mais detalhe.
Em causa estarão infrações ao código da Justiça Militar por "insubordinação por desobediência" e "insubordinação por prisão ilegal ou rigor ilegítimo".
O chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, criticou, em declarações feitas no porto do Funchal, os militares do navio 'Mondego' que desobedeceram às ordens, dizendo que o caso é de "uma gravidade muito grande" e que a "Marinha não pode esquecer, ignorar ou perdoar atos de indisciplina".
Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares para se recusarem a embarcar constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais, entre outras alegadas deficiências do navio.
A Marinha confirmou que o navio 'Mondego' estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".
Ministra da Defesa aguarda análise técnica para se pronunciar
A ministra da Defesa Nacional disse esta terça-feira que aguarda pela análise técnica que está a ser feita ao Navio da República Portuguesa (NRP) 'Mondego', na sequência de mais uma avaria, para se poder pronunciar sobre o assunto.
"Houve de facto uma questão técnica que está, neste momento, a ser avaliada. Há uma equipa técnica da Marinha que está a fazer a avaliação e vamos aguardar por essa avaliação para nos podermos pronunciar", disse Helena Carreiras, em declarações à agência Lusa à margem da cerimónia de entrega do Prémio Defesa Nacional e Igualdade.
O navio da Marinha portuguesa 'Mondego', recentemente envolvido numa polémica por 13 militares terem recusado cumprir uma missão, teve hoje de abortar uma tarefa de rendição dos agentes da Polícia Marítima e de elementos do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza nas Ilhas Selvagens, na Madeira, por motivos de "ordem técnica".
Questionada pela Lusa sobre a atual situação dos navios da Marinha, com informações recentes na comunicação social a dar conta de avarias e inoperacionalidades que poderão indicar um colapso, a ministra reconheceu a necessidade de maior aposta na manutenção, mas negou qualquer colapso.
"Não estão a entrar em colapso e a prova disso é que as missões da Marinha estão a ser cumpridas e com enorme sucesso", disse, apontando as missões a nível nacional em operações de vigilância, fiscalização e busca e salvamento, e no plano internacional nas missões no quadro da União Europeia e da NATO.
Helena Carreiras adiantou que a aposta na manutenção dos meios militares é uma prioridade do Governo, destacando que a lei de programação militar, que já deu entrada na Assembleia da República, inclui uma duplicação das verbas atualmente existentes para essa área.
"Estamos a trabalhar ativamente para que as verbas sejam bem utilizadas em prol da modernização e sustentação dos nossos meios. É portanto essa ação que esta a ser tomada e é essa competência que tenho de cuidar para que os nossos meios militares possam ser postos ao serviço das variadas missões das forças armadas em toda a segurança", frisou.