No dia 11 de janeiro, manifestantes vão sair às ruas em solidariedade aos imigrantes do Martim Moniz, alvo de operações policiais recentes. O ato "Não nos encostem à parede" terá saída da Alameda, às 15.00 horas. No cartaz de divulgação deste protesto lê-se: "Contra o racismo, contra a xenofobia, liberdade e dignidade"..A foto utilizada é dos cidadãos encostados à parede durante a revista policial realizada pela Polícia de Segurança Pública (PSP). A foto viralizou nas redes sociais e desencadeou uma ampla discussão pública e repercussão política..No cartaz ainda lê-se: "Vamos em marcha encher a praça do Martim Moniz". A publicação começou a ser partilhada nas redes sociais nas últimas horas. Grupos ativistas como o Vida Justa e SOS Racismo já começaram a divulgação do protesto. Também foi criado um Instagram do movimento..A iniciativa surgiu depois da operação policial realizada na zona na passada quinta-feira. Mais de 100 polícias participaram da ação, amplamente divulgada nas redes sociais e que resultou em duas pessoas detidas. Rapidamente a situação teve repercussão política, com críticas do PS e demais partidos de esquerda ao PSD. .Pedro Nuno Santos, disse haver “instrumentalização das forças de segurança”, exigiu explicações do Governo e da “direção nacional da PSP” sobre as “fundadas razões” para a “degradante e deprimente” operação policial. .Miguel Coelho, socialista presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que até sugeriu que o Presidente da República devia pedir “desculpas” às “pessoas” da rua Benformoso, considerou que a operação policial da PSP, na quinta-feira, representa um comportamento “típico de uma ditadura islâmica ou de uma ditadura da América Latina”..No sábado, dois dias após a rusga, um grupo de pessoas, entre líderes políticos, foi até o local para demonstrar solidariedade aos imigrantes. Distribuindo cravos de diversas cores, pessoas de vários quadrantes da sociedade, entre as quais representantes do PS, BE, PCP e Livre, explicaram o significado destas flores para a democracia portuguesa..Ontem, foi a vez do Chega visitar o local “em apoio à polícia” e para “contactar com os moradores”. Reiterando que “quem está ilegal tem de sair do país”, André Ventura afirmou que, no que depender do seu partido, aquela zona “vai cumprir regras” e que, “quem não o fizer, terá de arcar com as consequências do Estado de Direito”. Este tipo de ações, disse, devia “acontecer mais vezes”..Caminhando pela rua, Ventura foi ouvindo alguns moradores, e, quando imigrantes lhe tentavam dar rosas vermelhas, recusava, dizendo que “vermelho não. Branco, pela paz e pela ordem”. Hoje, a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo à operação policial levada a cabo pela Polícia de Segurança Pública (PSP)..amanda.lima@dn.pt