Não há ligação direta entre os sismos no Alentejo

Desde o início do ano a terra já tremeu quatro vezes na região alentejana
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O sismo com magnitude de 3,1 na escala de Richter que ocorreu ontem em Portugal, pelas 05.46, com epicentro localizado 10 quilómetros a nordeste de Almodôvar, foi o quarto registado na região do Alentejo desde o início do ano, mas "não existe nenhuma ligação direta" entre eles, afirmou ao DN Célia Marreiros, da divisão de sismologia do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

"Todos os sismos se registaram em zonas diferentes [do Alentejo]", explicou a especialista do IPMA, sublinhando, no entanto, que eles "estão todos associados à mesma zona de fronteira entre as placas euro-asiática e africana".

Desde o dia 5 de janeiro já se registaram quatro sismos no território do continente, todos no Alentejo, um do quais junto à fronteira com o Algarve. O de dia 5 atingiu a magnitude de 3,6 na escala de Richter, com epicentro a cerca de 14 quilómetros a sudoeste de Odemira.

Dez dias depois, a 15 de janeiro, seguiu-se o mais forte dos quatro, que atingiu 4,9 na escala de Richter e teve epicentro cerca de oito quilómetros a nordeste de Arraiolos. No último sábado, dia 20, a terra tremeu 10 quilómetros a nordeste de Monchique, na fronteira entre o Alentejo e Algarve, com uma intensidade de 3,3 na escala de Richter, e ontem houve novo tremor de terra, desta vez perto de Almodôvar.

Apesar dos quatro sismos em menos de 20 dias, "não se pode falar de crise sísmica", garante Célia Marreiros. Para isso, "teria de se registar um número elevado de sismos na zona, o que não sucede".

Nos últimos dias, a terra também tremeu noutras regiões do mundo, por vezes com intensidades bem maiores. Foi o caso do tremor de terra de 7,9 graus na escala de Richter, que na terça-feira, 23, abalou o Alasca. Houve um alerta de tsunami e a população de povoações costeiras das ilhas Aleutas, fugiu para zonas interiores, mas não chegou a haver tsunami. Também as Caraíbas foram sacudidas a 10 de janeiro por um sismo de 7,6 na escala de Richter, com epicentro 200 quilómetros a nordeste das Honduras, mas estes não foram os únicos registados entretanto. Nos últimas dias, embora com magnitudes inferiores, também a Indonésia (6,4 na escala de Richter), o norte do Chile (6,3), o noroeste do México (6,3), ou o Peru (6,8) sofreram tremores de terra. Na Indonésia e no Peru, com três vítimas mortais nos dois países, bem como estragos materiais. Será que estão a acontecer mais sismos?

A pergunta é tão recorrente que o organismo americano de vigilância sismológica, o US Geological Survey, colocou a resposta no seu site. E diz assim: "hoje há mais sismos registados, não porque ocorram mais sismos, mas porque a rede sísmica mundial tem mais instrumentação e faz o seu registo". Em média são registados no mundo cerca de 20 mil sismos em cada ano, 16 dos quais de grande intensidade: um com 8 ou mais graus na escala de Richter e 15 na ordem dos 7 graus.

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