Método de engano: aumento de furtos dentro de residências preocupa PSP
De 1 de janeiro a 28 de fevereiro foram registados 82 furtos dentro de residências pelo método de engano. Uma forma de atuação criminosa que a Polícia de Segurança Pública considera preocupante pois o modus operandi e os alvos são sempre os mesmos: atinge idosos e pessoas vulneráveis. A maioria das situações foram registadas na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
“Os suspeitos atuam em grupo, normalmente composto por três a quatro indivíduos, com uma mulher ou uma criança. Escolhem vítimas com alguma vulnerabilidade, normalmente idosas ou que vivem em casas isoladas e tentam, através de uma história de cobertura, entrar numa residência”, explicou ao DN o porta-voz oficial da PSP, subintendente Sérgio Soares.
De acordo com este responsável, as histórias que constituem o método do engano variam. “Muitas vezes, quando estamos a falar de prédios, fazem-se passar por empregadas da limpeza, pedem um balde de água para continuarem a fazer a limpeza e aproveitam para pedir um copo d’água e entrar. Outras vezes, os grupos mostram-se interessados em comprar, vender ou arrendar um imóvel naquele mesmo edifício, ganhando confiança para entrar na casa. Por vezes ainda existe uma criança entre os seis e os dez anos que pede para usar a casa de banho: são muitos os pretextos”, referiu.
O subintendente explicou que, normalmente, dois membros do grupo entram na casa enquanto outro fica incumbido de distrair e ganhar a confiança da vítima. Um quarto elemento é o ‘driver’, que fica em frente ao prédio ao volante de uma viatura pronta para a fuga após os dois elementos que entraram na residência subtraírem “dinheiro, joias, ou bens de valor fácil de simulação, especialmente os que possam ser colocados nos bolsos”, disse.
A PSP não quantifica os dados de 2024, mas as 82 ocorrências nos primeiros dois meses do ano - ou seja, mais de um furto com o mesmo modus operandi a cada 24 horas - é motivo de preocupação para as autoridades, de acordo com Sérgio Soares.
O avolumar destes casos, levou a PSP a decidir lançar alertas para a situação e, assim, esta quinta-feira, a força policial vai divulgar um comunicado no qual apela à população para ser cuidadosa e estar alerta acerca dos furtos pelo método de engano.
Esta força de segurança chama a atenção para a população ter um especial cuidado às sextas-feiras no horário entre às 12h00 e às 13h00, pois foi nesse horário que a maior parte das ocorrências foram registadas. A PSP refere que o motivo para o horário escolhido pelos suspeitos é o de que é neste dia que a maioria das pessoas se deslocam às entidades bancárias para levantar dinheiro para o fim de semana.
Até o momento, nenhuma das ocorrências envolveu violência física nos furtos. “Os grupos seguem este padrão e claramente percebemos que não querem qualquer violência. É um padrão de ganhar a confiança da vítima, há cada vez mais um aumento de grupos que têm mais capacidade de dialogar e de ganhar essa confiança”, sublinhou Sérgio Soares.
Maior incidência em Lisboa
Ainda segundo a PSP, a maior incidência de casos neste início de ano - ainda não há dados disponíveis para março - aconteceram na Área Metropolitana de Lisboa (AML), embora outras regiões de Portugal também tenham registado ocorrências. “Não temos uma zona da AML que esteja a ser mais fustigada, mas é a região que mais nos preocupa, mesmo sendo um problema do país como um todo: temos ocorrências no Porto, na Madeira, em Aveiro, em Faro. Dentro da AML temos também algumas ocorrências na Margem Sul, nomeadamente nos concelhos do Seixal e de Almada”, revelou.
Em 2025, a PSP ainda não deteve qualquer suspeito de praticar o furto pelo método de engano, embora já tenha processos de crime abertos e uma investigação em curso sobre este tipo de rede criminosas. “Esperemos que nos próximos tempos consigamos fazer detenções, mas neste momento o que nos interessa é tentar mostrar às pessoas, nomeadamente aos nossos idosos, que não devem abrir as portas a pessoas desconhecidas, explicar que está a ocorrer este tipo de modus operandi e tentar prevenir a situação”, finalizou o subintendente da PSP.
nuno.tibirica@dn.pt