Daniel Cabrita em 2012
Daniel Cabrita em 2012Paulo Spranger

Morreu o fundador da CGTP Daniel Cabrita

Nota da morte foi dada pela própria intersindical. Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou o desaparecimento do militante do Partido Comunista Português, aos 86 anos.
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Deixa "o exemplo de uma vida de luta contra a ditadura e pelos ideais em que sempre acreditou". É desta forma que o Presidente da República assinalou, esta quarta-feira, a morte de Daniel Cabrita, militante do PCP, dirigente sindical e fundador da CGTP.

A notícia foi dada pela própria organização sindical, no seu site oficial, que descreve Cabrita como um "incansável lutador pelos direitos dos trabalhadores, que deu uma importante contribuição para o reforço do Movimento Sindical Unitário".

Nascido em 1938, no Barreiro, cidade onde sempre viveu, Daniel Isidro Figueiras Cabrita nasceu em 1938, e "desde cedo contactou com a resistência antifascista. Tornou-se militante do PCP no início da década de 60, tendo participado ativamente na luta clandestina contra a ditadura fascista, até Abril de 1974. Cedo começou a ter atividade sindical (no Banco Totta, onde estava empregado)", pode ler-se na nota da CGTP.

Foi dirigente sindical desde finais da década de 1960 e foi eleito pelos trabalhadores como presidente da direção do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas em 12 de Março de 1968. Esteve preso em maio de 1969 (tendo sido libertado pouco depois).

Logo "em outubro de 1970, fez parte da fundação da Intersindical Nacional", escreve a CGTP, "cujos sindicatos se batiam pela satisfação de reivindicações que levaram o regime a ter uma atitude de perseguição e de violência contra os seus dirigentes sindicais".

Foi "reeleito para a direção no cargo de primeiro-secretário, em março de 1971", mas é preso pela PIDE_DGS a 30 de junho desse ano quando estava "de férias, em Sesimbra", acusado de pertencer ao Partido Comunista.

"Foi submetido a várias torturas (inclusive tortura do sono), julgado em Tribunal Plenário e condenado. Esteve preso até 30 de Junho de 1973, em Caxias e em Peniche", diz a central sindical.

O sindicalista contou, em 2016, ao Museu do Aljube, a sua experiência.

"A sua prisão desencadeou uma enorme onda de protestos e solidariedade, não só a nível nacional, como internacional, por exemplo da CGT francesa ou a CGIL italiana. Saiu da prisão em Junho de 1973, impedido de exercer atividades sindicais, voltou ao Banco onde trabalhava e nunca deixou de agir e intervir nas lutas sindicais", lê-se ainda na nota da central sindical.

Após o 25 de Abril teve percurso político, tendo sido mesmo candidato às eleições para a Assembleia Constituinte pelo MDP (1975), e às legislativas de 1980, em representação do PCP, ambas pelo Círculo de Setúbal.

Leia a nota completa da CGTP AQUI

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