Moradores da Ajuda aprovam resolução para exigir cuidados para idosos e crianças no Hospital Militar de Belém
Orlando Almeida / Global Imagens

Moradores da Ajuda aprovam resolução para exigir cuidados para idosos e crianças no Hospital Militar de Belém

População não se conforma com a decisão de transformar o espaço num abrigo para migrantes.
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Cerca de 150 moradores na Ajuda, em Lisboa, aprovaram este sábado uma resolução, por unanimidade e aclamação, para se continuar a luta pela instalação de um centro para idosos e crianças no Hospital Militar de Belém.

No documento, aprovado no final de uma hora e meia de concentração, os moradores convidam os partidos a juntarem-se às reivindicações da população, depois de saberem pela comunicação social dos planos para alojar migrantes no edifício.

Nos próximos dias, serão solicitadas reuniões ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e aos ministérios envolvidos num processo que tem atravessado sucessivas governações, a nível local e central.

"É urgente que a Câmara Municipal de Lisboa concretize a promessa de transformar o Hospital da Boa Hora num centro intergeracional", lê-se na resolução, aprovada em frente ao edifício.

A resolução foi lida e apresentada pelo presidente da Comissão Unitária de Reformados e Idosos da Freguesia da Ajuda (CURIFA), Vítor Pereira, que declarou não querer liderar o processo, mas envolver toda a população num movimento que não cesse até atingir os objetivos.

"Queremos por os destinos da freguesia nas mãos da população, não nas mãos de quem nos mente constantemente, como temos visto", disse.

As escadarias do hospital foram palco para vários discursos, todos coincidentes na necessidade de dotar a ajuda de cuidados para a população idosa e para as crianças.

"Estamos todos preocupados", disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Jorge Marques, que se apresentou no protesto como morador e que quer criar os filhos e envelhecer na Ajuda.

A Junta de Freguesia, afirmou, não foi informada dos planos para ali instalar migrantes que se encontram em situação de sem abrigo. "Como é que se integra sem falar com quem está no terreno", questionou.

Presente na iniciativa, o presidente da Associação Salgueiro Maia, Andrade da Silva, recordou à agência Lusa a luta desta entidade para a criação de uma unidade de cuidados continuados naquele espaço, aberta à população e com uma reserva para os deficientes das Forças Armadas.

"Em 2020, todo o processo estava pronto, falámos com o ministro (João Cravinho) para falar com o ministro das Finanças (Fernando Medina) para fazer as contas disto e entregar à Câmara Municipal de Lisboa, podia ser gerido pela Santa Casa da Misericórdia", afirmou.

"Agora somos confrontados com esta situação de dizerem que isto passa outra vez para uma situação provisória para acolherem migrantes. Isto é uma vergonha, devia estar cumprido, tivemos a palavra do ministro Cravinho que ia ser feito".

Segue-se outra forma de luta no dia 19, na Carris, onde estará o presidente da Câmara Municipal de Lisboa numa ação descentralizada. A população foi hoje convidada a comparecer no local para exigir os equipamentos sociais, um lar de idosos, uma unidade de cuidados continuados e uma creche.

A moção "Todos Juntos, Pela Ajuda" lembra também que a freguesia precisa de habitação, com renda acessível.

"Neste momento, aqui neste local, está a fazer-se democracia participativa e é isto que tem de continuar, a população não pode deixar-se enganar por gente que só vem à freguesia quando quer os votos da população e esta gente é a gente que atualmente está no Governo e na Câmara Municipal de Lisboa", avisou o presidente da CURIFA, durante a concentração, num discurso fortemente aplaudido.

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