Ministério da Educação vai receber sindicatos na próxima semana
Após terminarem as greves por distrito e as paralisações ao primeiro tempo de aulas, a tutela irá reunir-se dias 15 e 17 de fevereiro com os sindicatos para negociar, segundo a Fenprof.
Os sindicatos dos professores, que desde o final do ano passado têm marcado o ano letivo com várias greves, e o Ministério da Educação (ME), têm reuniões marcadas para os dias 15 e 17 de fevereiro, avançou ao DN o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, após o último dia da paralisação por distritos que juntou milhares de professores na Avenida dos Aliados, no Porto. O DN questionou o ME relativamente às próximas rondas negociais, mas até à hora de fecho desta edição não recebeu qualquer resposta.
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"Respeito" tem sido uma das palavras mais ouvidas nas greves distritais organizadas por oito organizações sindicais, que tiveram início a 16 de janeiro, em Lisboa, e terminaram ontem no Porto, com cerca de 98% de adesão, de acordo com Mário Nogueira.
Por todo o país, os professores fizeram a ouvir a sua voz durante quase um mês, para reivindicar novas condições de acesso e apelar à valorização da profissão, que se encontra envelhecida e com poucos jovens.
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"A greve por distritos foi extraordinária. Foi uma greve que começou com 90% de adesão e conforme foi avançando, foi aumentando o número de participantes. Curiosamente, à medida em que foram sendo realizadas as reuniões negociais no ministério - no dia 20 de janeiro e 2 de fevereiro - em que não se resolveu nada quanto aos docentes, isto fez com que a partir daí cada vez mais professores se juntassem à luta. Nestes últimos dias de greve, alcançámos os 98% de adesão, em que praticamente não foi possível encontrar alguém que estivesse a trabalhar nas escolas", testemunhou.
Segundo Mário Nogueira, "neste momento, a luta está imparável", havendo muita determinação e vontade de continuar a lutar por parte dos profissionais da educação. "Temos que fazer ouvir ao Governo e ao ministério que os problemas dos professores precisam de solução", reforçou
Para a próxima reunião negocial, a decorrer durante a próxima semana, o secretário-geral da Fenprof garante que os sindicatos "aguardam respostas às reivindicações". "O Governo vai ter de decidir o que quer fazer: se quer manter este clima de conflitualidade ou se quer finalmente resolver os problemas dos professores", frisa.
Mário Nogueira acusou ainda a tutela de "falta de bom senso" e "falta de capacidade para perceber" os professores, uma profissão que "deu sempre uma resposta mesmo nos momentos mais exigentes" e exigiu "respeito".
"Não são os dias de greve dos professores que vão atrapalhar as aprendizagens dos alunos. O que atrapalha é a falta de professores nas escolas. Se o Governo não percebe isso, o Governo não percebe nada. É preciso dar resposta às justas reivindicações. Estes professores não estão aqui porque querem ter privilégios. Estão aqui porque querem ser respeitados", disse o secretário-geral da Fenprof.
Mário Nogueira garantiu que "os professores não estão isolados nas suas reivindicações" e destacou a "solidariedade" de "muitas associações de pais", bem como de associações internacionais, do Brasil, França e Itália.
Quanto ao que se segue, a resposta é por enquanto incerta para a Federação Nacional dos Professores. Mas uma coisa é certa: a luta vai continuar até que existam novas condições para a classe docente.
Já para este sábado, 11 de fevereiro, está prevista a Manifestação Nacional de professores e funcionários das escolas, a partir das 15.00 no Marquês de Pombal, em Lisboa.
"Vai ser algo para nunca esquecer", garante Mário Nogueira, acrescentando que tem a confirmação de ""meio milhar de autocarros" que se deslocarão de todo o país para participar na "luta pela educação".
Apesar de ontem terem terminado as greves por distrito e da greve ao primeiro tempo de aulas promovida pelo Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), vai continuar a paralisação promovida pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P), que conta com pré-avisos até 24 de fevereiro.
Um novo colégio arbitral já definiu serviços mínimos para as greves até ao final do mês de fevereiro, ficando garantida a presença de funcionários e professores nas escolas.
Os serviços mínimos definem que as escolas têm de garantir o apoio aos alunos com necessidades educativas especiais, mas também aos que estão em risco de abandonar a escola, assim como aos que correm risco e tenham sido sinalizadas pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens.
Com Lusa
ines.dias@dn.pt
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