Milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em Lisboa em defesa da Palestina e contra a "agressão israelita", numa marcha iniciada defronte da Fundação José Saramago e que terminou no Martim Moniz..Na iniciativa, convocada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente, entre outras associações, estiveram presentes o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, e a líder do PAN, Inês Sousa Real..Os três dirigentes políticos foram unânimes na condenação do que consideram ser a "agressão israelita", denunciaram o "crime de genocídio" que está a ser levado a cabo por Israel na Faixa de Gaza e defenderam que Portugal deve reconhecer o Estado da Palestina..Os manifestantes entoaram várias palavras de ordem, como "A paz é um direito, sem ela nada feito", "Paz sim, Guerra não" e "Palestina Vencerá"..Uma grande bandeira da Palestina abriu o desfile, que partiu com algum atraso relativamente à hora marcada, 15:00..Antes de se iniciar a marcha, em declarações à Lusa, Rui Garcia, do CPPC, destacou a importância da solidariedade internacional para com os palestinianos.."Em vez de se estar a caminhar para uma solução, aquilo que se vê é o agravar do problema, com os novos ataques de Israel a Raffah. Estamos à beira de uma catástrofe ainda maior e portanto a solidariedade internacional é fundamental para que se trave de vez o que está a acontecer e que se inicie um processo que dê ao povo palestiniano os direitos que qualquer povo deste planeta tem", vincou..Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, lamentou que se esteja a assistir, no plano internacional, "a um cinismo total e hipocrisia" e considerou que o Governo português "tem de certa forma engrossado essa hipocrisia e cinismo".."Estamos perante um conflito onde há um agressor e um agredido, onde há um invasor e um invadido, onde há um genocídio em curso e parece que há dois pesos e duas medidas em função de quem são os agressores e quem são os agredidos", afirmou..O líder comunista disse ainda não haver "nenhuma razão" para que "de uma vez por todas" Portugal reconhecer o Estado da Palestina como um Estado independente.."É Isso que é preciso fazer. Temos uma proposta na Assembleia da República para isso ser feito. Era o momento de dar esse passo", frisou..Em declarações à Lusa, Fabian Figueiredo disse que "é um teatro de horrores" o que se passa na Faixa de Gaza, com mais de 34 mil mortos civis, o que tem suscitado uma reação forte da sociedade civil.."Os estudantes têm energicamente ocupado as faculdades e queremos saudar este movimento. Que ele continue. Que todas as escolas, todas as faculdades sejam palco dessa preocupação, dessa força pela defesa dos direitos humanos e pela paz", defendeu..O líder parlamentar bloquista acrescentou que Portugal "tem o dever constitucional, mas também o dever moral e no seu compromisso com os direitos humanos de fazer muito mais", e apontou o reconhecimento do Estado da Palestina como o passo a dar..Igualmente em declarações à Lusa, Inês Sousa Real defendeu o reconhecimento do Estado da Palestina e considerou que "o mundo está doente" quando ocorre um genocídio como o que considera estar a acontecer, da responsabilidade de Israel.."Neste momento é fundamental que haja um maior esforço dos diferentes países para não só ter o reconhecimento dos dois Estados, mas para que haja um cessar-fogo e acima de tudo que deixem de morrer vitimas inocentes", destacou.."Estamos perante um verdadeiro genocídio. É um atentado aos direitos humanos inqualificável", salientou..A guerra eclodiu em 07 de outubro, quando comandos do Hamas infiltrados em Gaza levaram a cabo um ataque sem precedentes contra Israel, matando mais de 1.170 pessoas, na sua maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelitas..Mais de 250 pessoas foram raptadas e 128 permanecem em cativeiro em Gaza, 36 das quais terão morrido, segundo o exército israelita..Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e libertar os reféns, lançando uma ofensiva que já provocou 34.971 mortos, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamita.