Médicos, políticos e associações querem acabar com VIH em 2030

Movimento junta personalidades de várias áreas, entre elas o diretor executivo da ONU sida, que lamenta o facto de os países dadores estarem a diminuir a ajuda
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"Olá. O meu nome é Jake Glaser, tenho 32 anos e sou VIH positivo." Jake é embaixador da Elizabeth Glaser Pediatric Aids Foundation, criada pela sua mãe. É também um dos rostos da aliança apresentada na 9.ª Conferência Internacional sobre Sida, evento que termina hoje em Paris. Chama-se End Aids Coalition (aliança para terminar com a sida) e tem o objetivo ambicioso de ser uma das promotoras do fim do VIH em 2030.

Atualmente, segundo dados da ONU sida do ano passado, há no mundo perto de 37 milhões de pessoas a viver infetadas com o vírus e destas 19,5 estavam em tratamento. A meta das Nações Unidas para 2020 é ter 30 milhões de pessoas em tratamento. Em Portugal existem cerca de 45 mil infetados, 90% em tratamento.

O movimento que junta médicos, políticos, organizações civis e também responsáveis da ONU sida conta para conseguir alcançar o objetivo com uma vacina que possa proteger gerações futuras e cuja investigação está a dar os primeiros passos - para já foram apresentados resultados preliminares positivos de um estudo da Johnson and Johnson que está a decorrer (ver texto secundário).

"Este é um momento muito especial. A minha família faz parte da história do VIH. Há 32 anos nasci infetado. O que vemos hoje é uma realidade incrível. Estamos aqui para acabar com o VIH em 2030, que é uma tarefa muito difícil. Mas também há 30 anos ninguém imaginaria o sucesso que temos agora. Temos de ser revolucionários e inovadores", frisou.

Como? "Acredito que, como todos os que estiveram na mesa disseram, a chave é a colaboração. Não é só dizer, é agir. É preciso partilhar informação, dados, identificar novos parceiros no terreno, falar para a geração que queremos proteger. O sucesso que vamos ter está nas mãos de todos os parceiros que estão envolvidos nesta aliança. Temos de ser completamente transparentes e inovadores para manter programas a funcionar, encontrar novas formas de fazer passar a informação", explicou ao DN Jake Glaser.

Da aliança fazem parte embaixadores, investigadores, políticos, associações, pessoas da sociedade cujo reconhecimento permite que sejam porta-vozes deste objetivo, que passa por fazer do movimento uma máquina impulsionadora junto de governos, laboratórios, investigadores que permita garantir o acesso mais fácil e atempado da medicação a quem mais precisa.

"Esta é uma iniciativa sem precedentes. Com a melhoria da coordenação podemos melhorar a inovação. Com ferramentas simples podemos melhorar o acesso em larga escala. Queremos fazer que todos falem de inovação, trazê-la para os países mais pobres, garantir que existem mais e melhores ferramentas para se fazer o diagnóstico e iniciar tratamento em crianças", disse ao DN Michel Sibide, diretor executivo da ONU sida, lamentando que numa fase em que os países mais pobres estão a aumentar o orçamento para o tratamento da doença o investimento dos países dadores esteja a diminuir.

Sobre a cura, frisa que "a ciência é imprevisível" e lembra as conquistas dos últimos anos. "Ninguém pensava que podíamos ter milhões de pessoas a fazer medicação, acabar com a transmissão da doença entre mãe e filho, que em cinco anos podíamos reduzir o número de novos casos e duplicar as pessoas em tratamento. Temos de continuar a mobilizar esta energia para esta nova tarefa", disse. O objetivo da aliança, reforça Jake Glaser, "é a vacina e a cura", mas enquanto estas não chegam a aposta "é a prevenção".

Em Paris. A jornalista viajou a convite da MSD

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