Medicamentos para diabetes e défice de atenção são os que mais faltaram em Portugal
Em 2024, mais de 1545 farmácias, das cerca de 3000 existentes no país, notificaram à Autoridade do Medicamento faltas de medicamentos, durante mais de 12 horas e alguns com falhas prolongadas nos stocks, como o caso de alguns para tratar doentes com diabetes, hiperatividade e défice de atenção ou ainda com insuficiência pancreática, para a erradicação a bactéria Helicobacter pylori, para tratar ulceras gástricas e para a hipertensão.
Isto mesmo está confirmado no relatório anual sobre Disponibilidade de Medicamentos, do Infarmed, divulgado esta manhã. O atraso no fabrico é o motivo principal registado em 57,44% dos casos e o aumento da procura o segundo, atingindo 26%. Mas há outras razões como o atraso no transporte e distribuição e até faltas por “aumento de preço”.
No caso dos medicamentos antidiabéticos, e como tem vindo a ser noticiado, as faltas têm sido justificadas com o aumento da procura, o que já levou o Infarmed a instaurar uma auditoria para saber o que se passa, até porque se tratam de fármacos que exigem prescrição médica destinada só a doentes diagnosticados com Diabetes.
Mas, segundo o relatório, a esmagadora maioria dos medicamentos vendidos em Portugal nunca estiveram em rutura de stocks. “Das 12 436 apresentações só 17% (2141) estiveram em rutura, mas sem qualquer impacto no doente, 3% (377) teve um impacto médio e em 19 (0,2%) o impacto da rutura foi elevado, pois não há substituto no mercado, mas o Infarmed encontrou soluções de mitigação”.
No documento, lê-se ainda que, entre os medicamentos cuja rutura teve um impacto considerado elevado estão ainda os anti-infecciosos, fármacos para o sistema nervoso central, para o aparelho cardiovascular, hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas, medicação antialérgica e fármacos para tratamento de cancro (antineoplásicos e imunomoduladores).
Segundo afirmou à Lusa o diretor da Unidade de Projectos Interinstituicionais e para o Sistema de Saúde do Infarned, Nuno Simões, “as roturas não são apenas um problema português, pois acontecem em toda a Europa”, destacando que já há grupos de trabalho a nível europeu que “visam analisar o problema e que tudo está a ser discutido a nível europeu para harmonizar medidas para garantir maior disponibilidade de medicamentos a nível nacional, de cada país, e salvaguardar melhor os direitos dos doentes".