Medicamento contra a sida usado para sexo sem proteção

Truvada deve ser receitado apenas a quem tem o vírus ativo, mas há quem o peça nos hospitais antes ou depois de relações desprotegidas
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Começa a ser conhecido como "a pílula do dia seguinte da sida": o Truvada, um medicamento antivírico usado para tratar doentes com sida, está a ser usado por pessoas que praticam sexo sem proteção para evitar o contágio da doença.

A notícia é avançada pelo Jornal de Notícias, que cita mesmo um médico de um dos maiores hospitais do Porto que diz que há cada vez mais pessoas que chegam às urgências a pedir para tomar este fármaco como prevenção, apesar dos efeitos secundários do Truvada e mesmo sem saberem se estão infetados com VIH. E não é certo que o medicamento previna efetivamente o aparecimento da doença.

Ainda de acordo com o JN, o Truvada é usado não apenas depois de sexo desprotegido mas também antes, como profilático, por quem quer fazer sexo com doentes com VIH ou parceiros de risco sem preservativo.

Segundo o Infarmed, registou-se um aumento no consumo do medicamento nos últimos meses, e o Estado gastou 78 milhões de euros para comprar o Truvada entre janeiro e abril deste ano, mais 11% do que no ano passado. Ao JN, o responsável da Direção-Geral de Saúde pelo combate ao VIH/Sida, Kamal Mansinho, confirma que já ouviu relatos de o medicamento estar a ser usado de "forma abusiva" e que algumas pessoas estarão mesmo a comprá-lo através da internet, já que em Portugal é apenas prescrito nos hospitais a quem tem o vírus ativo, mas não há legislação clara neste sentido. Os médicos receitam-no conforme a consciência, mas ao JN um clínico admitiu já ter receitado o Truvada a pessoas que não lhe contaram "a verdade toda"."Entre não fazer nada e poder, hipoteticamente, impedir novos contágios, claro que opto pela segunda hipótese".

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