Marinha exonera capelão que criticou Gouveia e Melo no caso da morte do PSP
O capelão Licínio Luís foi exonerado de funções esta terça-feira. O caso acontece após este ter criticado o Chefe da Marinha, o almirante Gouveia e Melo, pelas palavras duras que usou aos fuzileiros na sequência da morte de um agente da PSP à porta de uma discoteca, em Lisboa.
Numa publicação no Facebook entretanto apagada, o capelão pediu ao almirante para aguardar pela Justiça e não "julgar sem saber". "Os jovens estavam a divertir-se e foram provocados. Um deles é campeão nacional de boxe, no seu escalão, foi atingido a falsa fé e reagiu", escreveu.
"Quem não o fazia. É selvagem por isso? O senhor Almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos. Aguardemos pelas investigações. Os nossos jovens têm direito a serem respeitados. Os jovens da PSP estavam no mesmo âmbito e alcoolicamente tão bem dispostos como os nossos. Juízo com os nossos julgamentos", acrescentou Licínio Luís.
Segundo o Expresso, o capelão reuniu-se depois com Gouveia e Melo após esta publicação, tendo pedido desculpa e garantido que não quis questionar a autoridade do comandante da Marinha.
Apesar do pedido de desculpas, acabou por ser exonerado de funções.
Mais uma vez utilizando o Facebook, e já depois de exonerado, o capelão escreveu uma mensagem -- a que o DN teve acesso -- em que reconhece: "enquanto militar, errei ao dirigir-me de forma incorreta, inapropriada, interpretativa e pública ao Almirante CEMA, que respeito pelo seu exemplo de coragem, de serviço prestado e dedicação à Marinha".
"Reli o discurso dele (...) e constato que defendeu a decência humana que a todos nos deve animar. (...) Como vosso capelão, quer pedir-vos desculpa por não ter defendido bem a posição cristã, que nenhuma agressão deve servir de resposta a qualquer ato terceiro, muito menos violência que possa ter contribuído para o falecimento de um agente da PSP, que lamento imenso", escreveu ainda.