Marco Galinha diz que investiu cerca de 16 ME na GMG entre 2021 e 2023
O ex-presidente executivo da Global Media Marco Galinha afirmou esta terça-feira que entre 2021 e 2023 investiu "cerca de 16 milhoes de euros" na empresa em compras de dívida à banca, aumentos de capital, entre outros.
Marco Galinha falava na comissão parlamentar de Cultura, comunicação, Juventude e Desporto, numa audição no âmbito do requerimento do Bloco Esquerda (BE) sobre a situação na Global Media Group (GMG).
"Entre 2021 e 2023 enquanto acionista investi na empresa cerca de 16 milhões de euros", "em compras de dívida à banca, aumentos de capital compra de ativos e suprimentos".
Já a dívida bancária "foi reduzida de 68 milhões de euros para menos de um milhão de euros", apontou Marco Galinha.
O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) passou de "8,5 milhões negativos em 2018 para níveis equilibrados, quer em 2021, quer em 2022" e em termos de recursos humanos "procedeu-se a uma política de contenção alinhada com o redimensionamento das redações e o investimento em novas instalações e na rede de transmissores", prosseguiu.
"Permitam-me que sublinhe alguns resultados: 16 milhões de investimento, redução da dívida e um EBITDA de dois milhões de euros positivo no início de 2023", sintetizou.
Marco Galinha referiu ainda que, "estrategicamente, o Diário de Notícias [DN] voltou a estar nas bancas e o arquivo do DN foi considerado Tesouro Nacional, preservando a história do título mais antigo do continente".
Já "as restantes marcas mantiveram a sua força e representação no mercado, acompanhando o crescimento gradual da presença no digital, acompanhando as tendências deste mercado desde a pandemia".
No final da primeira metade de 2023, "a empresa estava com boas perspetivas de futuro", salientou, acrescentando que "foram anos muito exigentes" aqueles que passou na liderança da Global Media Group.
"Foram anos muito exigentes ao nível da tomada de decisões de gestão e sempre procurei privilegiar oportunidades de investimento ou redução de dívidas, sem prejuízo de salários ou de remunerações, valorizando a dedicação, a entrega e o trabalho de todos os colaboradores da GMG", prosseguiu.
A entrada do World Opportunity Fund
No ano passado, acrescentou, "surgiu uma oportunidade de negócio para a entrada do Fundo WOF [World Opportunity Fund] no capital na empresa que veio associada a uma intenção de forte investimento com o objetivo de renovação das marcas do grupo designadamente com a entrada no mercado internacional".
Perante a proposta, "e considerando que o trabalho de estabilização da empresa estava realizado e o foco estratégico do grupo Bel é na área da logística e distribuição, considerei que estava perante uma oportunidade de valor para o GMG", salientou Marco Galinha.
"Durante vários meses foi levado a cabo um rigoroso trabalho de 'compliance' [processo que visa garantir cumprimento de leis, regulamentos, etc] para verificação da idoneidade e da capacidade financeira do fundo", garantiu, salientando que "como é prática neste tipo de operações, foi igualmente realizado um extenso trabalho de 'due diligence' [análise] com resultados positivos para a concretização do negócio".
Desde setembro, "a gestão executiva da empresa passou a ser executada por uma maioria indicada pelo novo investidor", pelo que é "com perplexidade e profunda preocupação que nas últimas semanas tenho assistido à falta de paz social na empresa e à desvalorização pública do jornalismo" na GMG, rematou.
"Já apresentámos um plano urgente" para a GMG
O ex-presidente executivo da Global Media afirmou ainda que os acionistas já apresentaram "um plano urgente" para resolver a situação no grupo, mas que ainda não obtiveram resposta.
"Já apresentámos um plano urgente, mas também precisamos de resposta", afirmou o gestor, sublinhando que é "importante que se arranje uma solução".
"Estamos a falar do grupo mais valioso, estas são as marcas mais valiosas da língua portuguesa", referiu Marco Galinha, que por várias vezes disse aos deputados: "Contem comigo sempre" para encontrar com uma solução para a GMG.
Durante a audição, disse ainda ter ficado "surpreso com a equipa de gestão" escolhida pelo fundo World Opportunity Fund (WOF).
"Na verdade quem falhou aqui foi o fundo, havia compromissos, planos assinados", prosseguiu o gestor, salientando que este deve "ter alguma razão para explicar" a atual situação, nomeadamente o não pagamento dos vencimentos de dezembro.
"Não percebo porque é que isto aconteceu", comentou.