Máfia importava da Rússia especialistas em assaltar casas

Grupo tinha em Portugal responsáveis pela vigilâncias de rotinas dos moradores das zonas onde iam atuar e pelo apoio aos operacionais que vinham de cidades da ex-União Soviética

Moscovo e Tbilisi. Estas cidades da ex-União Soviética estão na mira das autoridades policiais europeias por serem as sedes de um tipo de criminalidade perigosa muito ativa na Europa. É ali que têm sede os líderes da chamada Máfia dos Ladrões em Lei, que mais não é do que o cognome usado por elementos subalternos de grupos criminosos organizados que assaltam casas por toda a Europa, roubando dinheiro, joias e outros objetos de valor e usando documentos falsos.

Esta semana um desses grupos foi detido em Portugal. Seis pessoas ficaram em prisão preventiva após serem ouvidas por um juiz e outras três ficaram como arguidas no processo investigado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Ação que está relacionada com outra que teve lugar em maio e que resultou na prisão preventiva para três elementos.

O gangue é suspeito de assaltar residências em várias zonas do país, tendo sido feitas buscas domiciliárias e detenções em Viseu, Ovar, Vila Nova de Gaia, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua.

Os vigilantes...

Estes grupos, curiosamente oriundos de países (Rússia e Geórgia) que politicamente estão desavindos desde 2008 quando estiveram em guerra durante dez dias, atuam por toda a Europa e contam com uma organização bem estruturada em que cada elemento sabe o seu papel e até tem pouco contacto com terceiros. Como acontecia com este anulado pelo SEF.

Há os vigilantes e os operacionais. Os primeiros têm como missão inteirar-se de todos os pormenores relacionados com as zonas onde poderão vir a ser efetuados os assaltos. São, por exemplo, os responsáveis pela vigilância das rotinas dos moradores. Têm de entrar nos edifícios que previamente identificaram para verificar o tipo de porta e fechaduras ali utilizadas. Depois do assalto é deles a responsabilidade de recolher, guardar e fazer passar para terceiros os objetos roubados.

Têm ainda a tarefa de disponibilizar documentos falsos aos operacionais, arrendar casas para usarem quando chegavam a Portugal, alugavam carros e até, segundo as informações prestadas ao DN pelo SEF, ficavam responsáveis pela contratação de advogados para os companheiros que são detidos. Em alguns casos teriam igualmente a função de apoiar elementos do grupo que estejam presos.

...e os especialistas

Este trabalho de retaguarda serve de apoio aos operacionais que chegam às zonas já identificadas pouco antes de iniciarem os assaltos.

São discretos, usam documentos falsos - apresentando identidades de naturais de países da União Europeia - e a sua importância na organização é grande: são especialistas em abrir fechaduras, sejam elas quais forem, segundo o SEF.

Utilizando gazuas - ferramenta que deu o nome à operação - entravam nas casas previamente assinaladas pelos companheiros e furtavam tudo o que tivesse valor, nomeadamente dinheiro e joias.

No caso do grupo que está em prisão preventiva desde ontem terão sido retirados das casas assaltadas milhares de euros, que saíram do país quase de imediato. Já as joias e relógios que estavam nas residências, o SEF garante que eram vendidas a uma ourivesaria de Vila Nova de Gaia. Suspeita de recetação que levou a que o proprietário fosse constituído arguido no processo.

Em maio foi no Parque das Nações

A organização destes gangues funcionava com células independentes. Ou seja, têm pouco contacto entre si, o que, a par da forma discreta como se movimentam, tem como objetivo evitar que as polícias os detetem.

Esta operação Gazua foi a segunda parte de uma investigação que teve conclusão em maio com uma ação do SEF (na altura acompanhado por magistrados do Direção Central de Investigação e Ação Penal) denominada Morcego. Nesta o objetivo foi desmantelar um grupo criminoso também constituído por elementos da zona do Cáucaso que atuava na zona do Parque das Nações e Olivais (Lisboa) e no Bairro do Infantado (Loures). Nesta altura foram detidas sete pessoas, tendo sido apreendido dinheiro, joias e dois quilos de haxixe.

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