Os lesados do Banif ameaçam avançar com uma ação judicial contra o Estado para o pagamento de uma indemnização de 242 milhões de euros, segundo documentos a que a Lusa teve acesso esta sexta-feira, 1 de agosto.Esta informação foi enviada na semana passada para o Governo e, de acordo com o documento, quase 3.000 lesados do Banif - uma lista que inclui a Associação de Lesados do Banif (Alboa) - quiseram informar o Estado, o Governo e primeiro-ministro “da intenção dos requerentes de propor ação judicial de indemnização contra si [...] de, pelo menos, 242 milhões de euros”.A resolução do Banif aconteceu em dezembro de 2015, por decisão do Governo e do Banco de Portugal, e, desde essa altura, os lesados têm pedido as indemnizações que resultaram das perdas dos investimentos de produtos financeiros. Quase 10 anos depois, a Alboa refere que “não reivindicam privilégios ou quaisquer benefícios, mas antes o cumprimento de todas as promessas públicas”.A última reunião que os lesados tiveram com o Governo aconteceu já com o executivo de Luís Montenegro em julho de 2024 e, na altura, a associação acreditou que existiam condições para fechar uma solução de indemnização até ao final do ano.No entanto, relatam agora os lesados na notificação ao Estado, foram feitas “centenas de chamadas” e enviados “centenas de emails” e nunca chegou a ser marcado um novo encontro.Fonte ligada ao processo avançou à Lusa que os lesados do Banif entendem que o pagamento da indemnização de 242 milhões de euros “é uma responsabilidade do Governo” e que está também em cima da mesa a hipótese de dar um prazo de 30 dias “para criar o fundo de recuperação de créditos que o senhor primeiro-ministro António Costa anunciou que iria criar”.Na notificação judicial enviada pelos lesados, é referido ainda que a resolução do Banif “resultou no prejuízo de milhares de lesados que, na sua maioria são dotados de baixo nível de escolaridade e sem qualquer literacia financeira”.Os lesados, ao confiarem na figura do gestor de conta, lê-se no documento, “perderam todas as suas poupanças e passaram momentos de pobreza e grande dificuldade”.