Jovens até aos 30 anos atravessam ruas a olhar para o telemóvel

Prevenção Rodoviária surpreendida com a forma distraída como se anda na rua
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A facilidade com que as pessoas atravessam as ruas completamente distraídas surpreendeu os elementos da Prevenção Rodoviária Portuguesa que estudaram a forma como os peões passam em zonas sinalizadas e com semáforos, no concelho de Lisboa.

Foi observado o comportamento de 5223 pessoas, entre 10 e 23 de janeiro. Dessas, houve pelo menos 783, ou seja, 15%, que foram vistas a usar o telemóvel enquanto atravessavam. Em maioria, estavam os jovens até aos 30 anos. "É impressionante a quantidade de jovens que circulam na rua completamente distraídos. A distração mais habitual é a de usarem os auriculares", comentou ao DN o presidente da PRP, José Miguel Trigoso.

No geral, as distrações observadas no estudo incluíam peões a falar com o telemóvel na mão (5,7%), a manusear o telemóvel (texting, consulta de redes sociais ou e-mail) (4,8%) e a usar auriculares/auscultadores (5,9%). Segundo o estudo, 28,5% dos peões tinha até 30 anos, 17,3% entre os 30 e os 60 anos e 2,7% mais de 60 anos. A utilização dos auriculares é de 15,2% no grupo dos peões até aos 30 anos e de 5,6% nos peões dos 30 aos 60 anos.

"Muitos estudos internacionais apontam para um aumento grande do risco de atropelamento com estas distrações. O mesmo acontece com os condutores que usam o telemóvel". Mas, infelizmente, "não há ainda em Portugal estudos feitos que relacionem os atropelamentos com o uso do telemóvel", refere José Miguel Trigoso.

A observação destes comportamentos revelou que os peões tendem a usar mais os auriculares/auscultadores no início da manhã e fazem uma maior utilização do telemóvel para falar à hora de almoço e durante a tarde. E os que usam mais o telemóvel para falar são os adultos com mais de 30 anos, ressalvou José Miguel Trigoso.

As percentagens de utilização do telemóvel ou de auriculares nas passadeiras com semáforos foram iguais tanto com sinal verde como com sinal vermelho para peões.

A Prevenção Rodoviária está, neste momento, a fazer observações do uso do telemóvel pelos automobilistas no Porto. "Já identificámos um aspeto nos condutores observados: quando vão sós no carro falam muito mais ao telemóvel e mandam mais mensagens do que quando vão acompanhados. E é impressionante a quantidade de condutores que assim que param nos semáforos agarra no telemóvel".

Distração do telemóvel é tendência europeia

Estocolmo (Suécia) é a capital europeia com o maior índice de utilização do telemóvel por parte dos peões (23,55%), logo seguido por Lisboa com 15,6%, segundo um estudo da DEKRA Accident Research (2016) em seis capitais europeias sobre o uso do telemóvel por 14.000 peões. Seguiram-se Berlim (14,9%), Paris (14,53%) e Bruxelas (14,12%), que apresentam resultados muito similares e, por último, Roma (10,2%) e Amesterdão com o índice mais baixo (8,2%) de peões distraídos nas ruas.

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