Jovens adultos com dificuldade em gerir emoções mais propensos ao uso problemático de pornografia
Um estudo conduzido pelo Centro de Investigação da Egas Moniz School of Health and Science revelou que jovens adultos com dificuldades em gerir as suas emoções apresentam uma maior propensão para o uso problemático de pornografia. A investigação indica ainda que a solidão desempenha também um papel significativo.
Os resultados apontam que dificuldades na regulação emocional – como lidar com tristeza, stress, ansiedade e tédio – estão associadas a um consumo problemático de pornografia. Além disso, o estudo evidencia que aqueles que se sentem mais solitários tendem a recorrer à pornografia como estratégia para gerir emoções negativas, reforçando um ciclo de isolamento e uso crescente.
A pesquisa, apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), analisou 339 participantes, com idades médias de 28 anos, que consumiram pornografia nos últimos seis meses, refere a instituição, em comunicado.
"Embora o prazer sexual seja a principal motivação para o consumo, a pornografia constitui, frequentemente, um mecanismo de regulação emocional". Quando usada para lidar com estados emocionais negativos, esse hábito pode evoluir para um padrão de consumo problemático.
Indivíduos com dificuldades em estabelecer relações sociais significativas são particularmente vulneráveis a esse padrão. E os homens demonstram uma maior associação entre dificuldades emocionais e uso problemático de pornografia em comparação com as mulheres.
Além disso, surpreendentemente, nota o estudo, o efeito da solidão é mais acentuado em indivíduos que estão atualmente em relações íntimas, sugerindo que o sentimento de solidão no contexto de um relacionamento pode ser um fator de risco adicional para o consumo problemático de pornografia.
Os investigadores da Egas Moniz School of Health and Science e autores do estudo, Jorge Cardoso, Catarina Ramos, José Brito e Telma Almeida, citados em comunicado, destacam que “este estudo evidencia que não é apenas a regularidade e a quantidade de tempo despendido no consumo de pornografia que define a sua dimensão problemática, mas também as motivações que lhes estão associadas, designadamente a utilização da pornografia como estratégia disfuncional de gestão emocional".
"Os resultados obtidos sublinham a importância de estratégias de regulação emocional saudáveis e de um suporte social eficaz na prevenção do uso problemático de pornografia", acrescentam.