Jornada Mundial da Juventude: Orçamento aprovado por Moedas para 3 palcos em Lisboa é de 705 mil euros
O palco previsto para a zona do rio Trancão terá o equivalente a um campo de futebol. Precisa de poder suster 2 mil pessoas em simultâneo e deverá manter-se após a Jornada, para futuros eventos na cidade.
A seis meses de a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) trazer a Lisboa os esperados 1,5 milhões de peregrinos, não é o evento, mas as contas o que faz notícia. Na semana passada, depois de se conhecer o valor do palco da missa final, foi divulgado um projeto para um dos momentos chave da JMJ, o acolhimento ao Papa, que teria um custo superior a 2 milhões de euros. Tratava-se, segundo confirmou a Câmara de Lisboa, de uma das quatro versões rejeitadas por Moedas por não se enquadrar no budget.
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O DN sabe que o orçamento total aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa para as três estruturas que vão ser erguidas na cidade, uma no Parque Eduardo VII, outra no Terreiro do Paço e outra na Alameda, não excede os 705 mil euros mais IVA.
À semelhança do que aconteceu, por exemplo, em Madrid, a Jornada em Lisboa terá os momentos altos (incluindo o Acolhimento ao Papa e a Via Sacra) em locais centrais da cidade, com capacidade para receber a multidão de fiéis que se espera para o evento, portugueses e estrangeiros. Nas localizações escolhidas, serão montadas as estruturas, cumprindo o caderno de encargos passado. O Projeto final para o Parque Eduardo VII está ainda por aprovar, uma vez que as hipóteses já apresentadas não tinham cabimento orçamental.
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Certo é que os três palcos montados em Lisboa terão de cumprir todos os requisitos, nomeadamente de capacidade e segurança, ficando dentro do limite estabelecido para os gastos: os tais 705 mil euros mais IVA. Recorde-se que estão já inscritos, a seis meses do evento, mais de meio milhão de peregrinos para vir a Portugal entre os dias 1 e 6 de agosto.
Palco do Trancão tem o tamanho de um campo de futebol
Na semana passada, depois de conhecido o valor do altar-palco onde vai realizar-se a Missa final da visita ao Papa, o responsável da Fundação JMJ, D. Américo Aguiar, veio prometer que os gastos seriam revistos em reuniões que aconteceriam nesta semana, entre Igreja, Câmara de Lisboa, Sociedade de Reabilitação Urbana e outras instituições envolvidas na organização - onde se inclui também o governo, que tem um orçamento de 37 milhões adjudicado ao evento e em 2021 nomeou o ex-vereador de Lisboa José Sá Fernandes para uma comissão de acompanhamento da Jornada -, de forma a tentar baixar os custos. Confirmando, ainda assim, o caderno de encargos, "semelhante aos das outras jornadas". E vincando que essa revisão não poderia "pôr em causa o essencial".
Em causa estavam os 4,2 milhões que Moedas orçamentou - dos 35 milhões aprovados pela CML para as despesas da autarquia com a Jornada Mundial da Juventude -, para o altar-palco do Parque Tejo. A obra foi entregue, confirmou o Expresso, à empresa que apresentou a proposta menos dispendiosa, a Mota-Engil. Outros projetos levados à mesa de Moedas para cumprir o caderno de encargos chegavam a custar o dobro.
Muito dinheiro? Sem dúvida. Mas há que entender o que está adjudicado - e que, conforme o próprio bispo auxiliar assumiu, foi passado à autarquia de Lisboa no caderno de encargos, replicando os requisitos das anteriores jornadas.
Desenhado para poder suster 2 mil pessoas em simultâneo (mil bispos, 300 concelebrantes, 200 membros do coro, 90 músicos da orquestra, 30 tradutores de linguagem gestual de diferentes línguas, pessoal técnico e convidados), o altar-palco tem a dimensão de 5 mil metros quadrados. É o equivalente a um campo de futebol dos de menores dimensões (cerca de 6 mil m2).
Para se ter uma ideia, o palco montado para o fim de ano no Terreiro do Paço tem menos de 300 metros quadrados: é dezassete vezes menor do que aquele em que será celebrada a missa final da JMJ. E esta estrutura será permanente, pretendendo-se que ajude a dinamizar aquela área da cidade.
Com custos estimados a rondar os 80 milhões de euros, distribuídos por governo, Lisboa e Loures, por esta ordem de grandeza, prevê-se que a Jornada Mundial da Juventude traga ao país um retorno imediato mais de quatro vezes superior aos gastos: cerca de 350 milhões de euros.