Ir de bicicleta para o trabalho no Dia Europeu Sem Carros

Este ano são poucas as autarquias que assinalam o Dia Europeu sem carros, encalhado no final da campanha eleitoral. Mas a Federação de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta continua a mobilizar as empresas alertando para as vantagens de deixar o carro em casa
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A Semana Europeia da Mobilidade - que termina esta quarta-feira com o Dia Europeu Sem Carros - atravessa Portugal em plena campanha eleitoral para as eleições autárquicas. E por isso não é de estranhar que a iniciativa tenha pouco eco na maioria das agendas municiais, longe do alarido da primeira década de 2000. Por outro lado, as ciclovias e o uso da bicicleta estão a democratizar-se nas vilas e cidades. E por isso o tema vai perdendo força na calendarização de eventos, passando para as prioridades dos programas eleitorais. Leiria, Almada, Faro e Lisboa são alguns exemplos que ainda se mantêm fiéis à organização de eventos a propósito do dia, que se assinala sempre a 22 de setembro.

José Manuel Caetano lembra-se bem da primeira vez que Lisboa parou para pensar nisto de uma cidade sem carros. A Federação de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) foi sempre co-organizadora da iniciativa, desde 2000, quando João Soares era presidente da Câmara e " encerrou a cidade de Lisboa por duas vezes". "O perímetro do João Soares foi este: encerrou desde o Campo Pequeno até ao Terreiro do Paço, e da avenida Almirante Reis ao Príncipe Real. Por isso digo sempre que essa ousadia da bicicleta a ele se deve. Foi o autarca que se lembrou disso", afirma José Manuel Caetano. Fala ao DN enquanto prepara mais uma iniciativa do Dia Europeu Sem Carros, que se assinala de novo esta quarta-feira. Desta vez a Federação desafiou as empresas de todo o país a incentivarem os quadros a irem de bicicleta para o trabalho. Até ao final do dia de terça-feira estavam inscritas menos de 50 empresas e cerca de 200 travalalhadores, para participarem "oficialmente" na iniciativa. Mas a a FPCUB sabe que "felizmente serão muitos mais os que aderem" e que esse tem sido um caminho percorrido de forma crescente nas últimas décadas.

Hoje, aos 77 anos, continua a usar a bicicleta "de forma inteligente". "Não faço dela uma religião nem uma seita", sublinha. Mas usa-a na cidade, no campo, orgulha-se desse caminho feito e de algumas iniciativas que foram fazendo história em Portugal, em que o Dia Europeu sem Carros é apenas uma delas.

A Federação acabou por nascer na sequência dos eventos que iam aparecendo, nos anos 90. Hoje é uma ONG (Organização Não Governamental) de Ambiente, de âmbito nacional, sem fins lucrativos e de utilidade pública, que tem como objetivos a defesa do ambiente, divulgação do Património Cultural, Histórico Edificado e Arqueológico - através da promoção da bicicleta como forma de mobilidade sustentável - bem como a defesa da segurança dos seus utilizadores. Além disso, pugna pelo desenvolvimento da prática do cicloturismo ecologista de lazer, representando-o internacionalmente e em Portugal.

O Dia Europeu Sem Carros continua a ser uma das iniciativas que abraça com entusiasmo. Integrada na Semana Europeia da Mobilidade, que decorre desde o dia 16 e termina a 22 de Setembro, sob o tema "Mobilidade Sustentável: em Segurança e com Saúde", a Federação organiza este ano a iniciativa "De bicicleta para o trabalho - Bike to Work" para incentivar as pessoas "a deslocarem-se de bicicleta para o trabalho neste dia".

Segundo a Organização Mundial de Saúde, sempre que possível, e no momento pandémico que vivemos, deve ser considerada a possibilidade de andar de bicicleta ou a pé, pois estes modos de deslocação permitem distanciamento físico, ao mesmo tempo que contribuem para a atividade física diária, contrariando o agravamento do sedentarismo associado ao confinamento, ao aumento do recurso ao teletrabalho e ao acesso limitado ao desporto ou outras atividades recreativas.

dnot@dn.pt

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