Investigadoras Daniela Pereira de Vasconcelos e Catarina Leite Pereira
Investigadoras Daniela Pereira de Vasconcelos e Catarina Leite PereiraDR

Investigadoras portuguesas criam material capaz de regenerar cartilagem e reverter artroses

Equipa do i3S abre portas a novas terapias para uma doença que afeta 600 milhões de pessoas em todo o mundo.
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A osteoartrite, também conhecida por artrose, é uma doença incapacitante das articulações que afeta 7,6 por cento da população mundial - cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo. Uma das principais dificuldades no combate a esta doença resulta do facto de as terapias convencionais administradas, embora consigam bloquear a inflamação, não impedirem o processo de degeneração do tecido cartilaginoso e a progressão da doença.

Como a cartilagem, ao contrário do osso, não consegue autorregenerar-se, há uma necessidade crescente de novas abordagens terapêuticas que sejam eficazes nessa função. Uma equipa de investigadores do i3S, no Porto, pode ter aberto as portas a uma nova era no combate a esta doença, ao desenvolver um material implantável que consegue promover a formação e desenvolvimento de tecido cartilaginoso, ao mesmo tempo que trava o processo inflamatório associado à osteoartrite.

Com o objetivo de superar as limitações das terapias tradicionais usadas na medicina regenerativa, a equipa das investigadoras Daniela Pereira de Vasconcelos e Catarina Leite Pereira "decidiu melhorar uma matriz 3D biodegradável, já testada e aprovada na medicina veterinária, para poder ser usada em humanos, através da incorporação de nanomateriais carregados de ibuprofeno, um fármaco para o tratamento da dor, febre e inflamação", refere o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde i3S, da Universidade do Porto. 

Uma vez implantada na lesão, a matriz 3D vai servir de habitat às células da cartilagem e promove a proliferação destas até à formação de um novo tecido cartilaginoso. da dor, febre e inflamação. De acordo com Daniela Pereira Vasconcelos, "o uso de matrizes 3D é o meio mais promissor para regenerar a cartilagem, já que fornece um ambiente físico e químico favorável à sobrevivência e diferenciação das células da cartilagem, os chamados condrócitos".

Para testar a eficácia desta matriz, a equipa do i3S recorreu a células de cartilagem de pacientes submetidos a artroplastia total da anca e/ou joelho e cultivaram essas células nestas nanoestruturas 3D capacitadas com ibuprofeno.

"Verificámos que estas células de cartilagem foram capazes de diminuir o processo inflamatório e restaurar a produção de matriz extracelular, ou seja, restaurar o tecido cartilaginoso", explica Daniela Pereira Vasconcelos. O estudo abre portas a novas terapias para uma das doenças reumáticas mais comuns e também das mais incapacitantes, devido às dores e imobilidade que provoca. A artrose tende a desenvolver-se com a idade e, mesmo sem o diagnóstico da doença, é normal que, a partir dos 40/50 anos de idade, comecem a sentir-se dores nas articulações.

A investigação, desenvolvida ao abrigo do projeto europeu RESTORE, contou com a colaboração do grupo Nanomedicines & Translational Drug Delivery, do i3S, do Department of Biotechnology and Nanomedicine SINTEF Industry, na Noruega, do Institute of Orthopedic Research and Biomechanics, University of Ulm, na Alemanha e da empresa Askel Healthcare Ltd, na Finlândia.

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