O internato da especialidade que se inicia em janeiro de 2025 vai ter 1851 novos jovens médicos a fazer formação específica, um pouco mais do que o número do ano passado (1836). De acordo com os dados disponibilizados pela Administração Central dos Sistemas de Saúde, foram lançadas 2158 vagas lançadas para 48 áreas de especialização..O processo que agora termina, e que teve por base as vagas definidas pela Ordem dos Médicos, acolheu 2349 candidatos, que deixaram por preencher 307 vagas. A especialidade de Medicina Interna (MI), segundo refere o comunicado da ACSS enviado às redações, é motivo de preocupação, já que das 185 vagas lançadas apenas foram ocupadas 136. Aconteceu o mesmo em Medicina Geral e Familiar (MGF) para a qual foram lançadas 625 vagas e foram ocupadas 457, ficando vazias 168. Saúde Pública conseguiu recebeu 34 internos..No entanto, 36 das 48 especialidades conseguiram atingir o pleno, com 100% das vagas preenchidas, embora haja a destacar para qualquer uma destas os números de vagas lançadas tenham sido muito inferiores ao das vagas para MI ou MGF. Pediatria preencheu as 103 vagas, Anestesiologia 91, Cirurgia Geral 82, Psiquiatria 79, Ginecologia-Obstetrícia 59, Ortopedia também 59 e Cardiologia 37..A ACSS salienta na mesma nota a “existência de quatro vagas protocoladas criadas pela região Autónoma da Madeira, nas especialidades de Anatomia Patológica, Angiologia e Cirurgia Vascular, Doenças Infeciosas e Oftalmologia, que foram ocupadas na sua totalidade”. Mas às 2158 vagas lançadas a concurso, “acrescem nove vagas cativas ao abrigo dos protocolos celebrados entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa e entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Administração Interna, num total geral de 2167 vagas”, refere a ACSS, sublinhando que os dados disponibilizados refletem “a prioridade do Ministério da Saúde e das instituições parceiras na formação de médicos especialistas com vista ao reforço dos recursos humanos do SNS”. .Segundo afirma a ACSS, "os estabelecimentos e serviços do Serviço Nacional de Saúde, que concentram a esmagadora maioria das vagas para formação médica pós-graduada, continuam a afirmar a centralidade do SNS na formação de médicos especialistas, assente na qualidade dos serviços de saúde prestados aos portugueses"..Ordem dos Médicos diz que formação está comprometida.A Ordem dos Médicos considera que o elevado número de vagas por preencher no concurso de formação de especialidade reflete a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atrair e fixar jovens médicos..Em nota enviada às redações refere que "a degradação do sistema de saúde, acentuada nos últimos anos, está a afastar os jovens médicos das especialidades e poderá comprometer a capacidade de formação nos próximos anos". Para o bastonário, Carlos Cortes, “o Ministério da Saúde precisa de rever urgentemente o sistema de formação e de atribuição de vagas para que possa ir ao encontro das necessidades e expectativas dos jovens médicos. Se nada for feito, em breve, podemos ter serviços condicionados na sua capacidade formativa de novos especialistas, o que poderá colocar em causa a sustentabilidade e a capacidade de resposta básica do SNS.”.Carlos Cortes alerta: “Estes números vêm, uma vez mais, reforçar a urgência em adotar medidas que valorizem a carreira médica, medidas estruturais que estimulem e atraiam os jovens médicos para o SNS”. “Nesse sentido, a Ordem apresentou, no âmbito do Orçamento do Estado 2025, um conjunto de propostas aos partidos políticos que visavam inverter esta situação e contribuir para aumentar a atratividade da carreira médica”.